III Volta a Portugal

Em Julho de 1934 teve lugar a terceira edição da Volta a Portugal em Automóvel, organizada pelo jornal "O Volante", publicação regular de referência em matéria de automobilismo e aviação. Os vencedores da prova seriam os irmãos Adolfo e Eduardo Ferreirinha, em Ford (foto de cima), ficando o MG da equipa António Herédia / Manuel Queiroz em primeiro lugar da classe A (fotos de baixo).
Fotografias - Arquivo Nacional da Torre do Tombo (DigitArq) e Hemeroteca Municipal de Lisboa (O Volante)





Os Ferraris Amarelos

Para o Circuito de Vila Real de 1952, os principais protagonistas portugueses da época - Casimiro de Oliveira, Vasco Sameiro e D. Fernando Mascarenhas -  equipam-se com os Ferrari 225 S Vignale Spider. Os carros dos dois primeiros são inscritos pela Escuderia CSC, apoiada pelo Conde da Covilhã, e aparecem em Vila Real pintados de amarelo.
Na imagem pode ver-se Vasco Sameiro quando se preparava para alinhar o seu Ferrari nº 22 na grelha de partida para o XI Circuito de Vila Real. As coisas não lhe correram de feição e o piloto nortenho acabaria por abandonar a prova no decorrer da 12ª volta, quando comandava a corrida, devido a uma avaria de travões.
Casimiro de Oliveira teve uma vitória tranquila, acabando por deixar o segundo classificado, D. Fernando Mascarenhas, a uma volta de distância.
Registe-se a presença em Vila Real de algumas figuras de primeira grandeza no panorama automobilístico internacional de então, tais como Felice Bonetto, Clemente Biondetti e Eugenio Castelotti. Com excepção deste último, que abandonou por acidente, os outros foram claramente batidos pelos "heróis" portugueses.
Foto de Manuel Meneres
Bibliografia - Circuito de Vila Real 1931-1973, de Carlos Guerra


Pouco antes da corrida de 1952, em Vila Real. A actriz Helga Liné, D. Fernando Mascarenhas, Jorge Reis, D. António Mascarenhas, Jorge Monte Real (de chapéu) e mais alguns amigos durante um passeio nas imediações do circuito.


Stirling Moss / Porsche vencem em Monsanto

Não foram muitas as vezes em que Stirling Moss disputou corridas ao volante de um Porsche e foram ainda menos as vezes em que venceu para a marca de Stuttgart. Uma delas aconteceu em Portugal, no distante ano de 1955, quando o grande campeão inglês participou na Taça Governador Civil de Lisboa, em Monsanto, ao volante de um Porsche 550 Spyder.
Embora sob contrato com a equipa oficial Mercedes Benz de Grande Prémio para a época de 1955, Stirling Moss tinha permissão para correr por outras marcas sempre que as datas fossem compatíveis, daí resultando as provas que fez para a Porsche nesse mesmo ano, as 9 Horas de Goodwood (que não terminou) e o Circuito de Monsanto, que venceu.
Na imagem registada no momento da partida podem ver-se Stirling Moss, nº3, Filipe Nogueira, nº1 e Wolfgang Seidel, nº4. Um pouco mais atrás estão Laustenschlager, nº5, e D. Fernando Mascarenhas, nº2, todos em Porsche 550 Spyder.
No final apenas Filipe Nogueira terminou na mesma volta do vencedor, Stirling Moss, mas com cerca de um minuto de diferença. O terceiro classificado seria D. Fernando Mascarenhas.


Em baixo, os vencedores da tarde: Stirling Moss, vencedor da taça Governador Civil de Lisboa, em Porsche, e D. Fernando de Mascarenhas, vencedor da Taça Cidade de Lisboa, em Mercedes Benz 300SL


Raid Paris - Lisboa 1934

Em 1934, José Lopes da Silva e Henrique Lehrfeld decidiram tentar bater o tempo do combóio Sud Express na ligação Paris - Lisboa, na altura o meio de transporte mais rápido para esse percurso. Para o efeito equiparam-se com um Steyr, um pequeno carro de fabrico austríaco dotado de um motor de 4 cilindros e 1376 cc de cilindrada, com o qual percorreram os 1890 quilómetros de estrada em 29 horas e 40 minutos, batendo assim o Sud Express por 1 hora e 7 minutos. Lopes da Silva, que já era o detentor do record da Volta à Península, tornou-se assim num piloto muito apreciado pela Steyr, que logo o convidou para disputar os 200km da Alemanha desse mesmo ano, oferta que o português declinou para poder estar presente na Volta a Portugal.
Henrique Lehrfeld, que partira o braço direito num acidente dias antes do Raid Paris-Lisboa, apenas conduziu durante 340 km do percurso, tendo José Lopes da Silva que aguentar ao volante durante mais de 1500 km.
Já não há heróis assim...


A razão pela qual o Henrique Lehrfeld está de braço ao peito, é bem curiosa. 
No dia 3 de Junho de 1934 decorreu em Lisboa a I Jornada do I Circuito do Parque Eduardo VII. Compreendeu apenas duas corridas para carros de sport de 45 minutos cada, vencidas por António Guedes de Herédia, num Morris Minor, a de cilindradas mais baixas, e pelo Engº Francisco Ferreira, a de cilindradas mais elevadas, no Railton Terraplane.
Depois destas provas, Henrique Lehrfeld decidiu levar a cabo uma tentativa com o intuito de estabelecer o record da volta. Todavia, a Bugatti 35B galgou o passeio, derrubou três árvores e voltou uma maca dos serviços de socorro, tendo mesmo Lehrfeld recolhido ao hospital, em consequência dos ferimentos. 

Colaboração de Carlos Guerra.



I Gran Premio Supercortemaggiore 1953

A 6 de Setembro de 1953 disputa-se em Itália, no circuito de Merano, o I Gran Premio Supercortemaggiore, assim chamado por ser patrocinado por uma marca de gasolina com o mesmo nome, muito em voga na altura. Estão presentes alguns dos melhores pilotos do mundo, tais como Fangio, Taruffi, Castelotti e muitos outros, incluindo uma representação portuguesa formada por Casimiro de Oliveira, José Nogueira Pinto e "De Fronteira", que não é outro senão o nosso bem conhecido D. Fernando Mascarenhas. Os portugueses vinham equipados com os já pouco competitivos Ferrari 250MM, mas nem por isso deixaram de ter um comportamento altamente meritório.
A prova consistia em dar 15 voltas a um circuito com cerca de 18 quilómetros de perímetro traçado em volta da cidade de Merano, nos Alpes italianos, e teria como vencedor o campeoníssimo Juan Manuel Fangio, em Alfa Romeo 6C 3000CM. Nogueira Pinto seria num brilhante terceiro classificado e Casimiro de Oliveira (na foto) conseguiria um lugar na segunda linha da grelha de partida, à frente de muito boa gente, vindo a terminar na 13ª posição. D. Fernando Mascarenhas não teve sorte e abandonou a corrida por acidente.
Bibliografia -  http://www.jmfangio.org/index.html

Em cima, o Ferrari 250MM #0332 de Casimiro de Oliveira em plena prova e, em baixo, o Alfa Romeo 6C 3000CM de Fangio a caminho da vitória. Junta-se a grelha de partida.

Os "Heróis" de Monte Carlo

Imagens da participação da equipa formada pelo Conde de Monte Real, D. Fernando Mascarenhas e Manuel Palma  na edição de 1951 do Rallye de Monte Carlo, onde conquistaram um brilhante segundo lugar na classificação geral.
Na fotografia de cima podem ver-se os elementos da equipa a prepararem o Ford 100 para uma complementar disputada em Cannes, enquanto que em baixo se vê um sorridente Jorge de Melo e Faro depois de ter recebido a taça correspondente ao segundo lugar das mãos do Príncipe Rainier.



O Bugatti #51158

No dia 20 de Outubro de 1935, Francisco Ribeiro Ferreira apresentou no Circuito do Estoril o seu recém adquirido Bugatti 51, chassis # 51158. O carro, ainda pintado com o seu azul original (mais tarde seria pintado de vermelho e branco, as cores nacionais para as corridas de automóveis), tinha chegado três dias antes à fronteira portuguesa no combóio proveniente de França, tendo aí sido recolhido pelo seu novo proprietário que o conduziu até Lisboa. Apesar disso, o Bugatti 51 estreou-se a ganhar no Estoril.
No ano seguinte, Francisco Ribeiro Ferreira inscreveu este mesmo carro na categoria "Corrida" do V Circuito de Vila Real e , apesar de ter feito o melhor tempo nos treinos, terminaria em segundo lugar com uma volta de atraso em relação ao vencedor, Vasco Sameiro. A necessidade de mudar uma roda durante a corrida terá estado na base deste resultado.
Em 1938 o #51158 passou para as mãos de Casimiro de Oliveira, que com ele disputou o Circuito de Vila Real, tendo abandonado ao fim de apenas oito voltas. Meses mais tarde o mesmo piloto iria disputar o Circuito da Gávea, no Rio de Janeiro, mas o Bugatti 51 voltou a não colaborar.
Bibliografia :
- Circuito de Vila Real 1931 - 1973, de Carlos Guerra
- Bugattis in Portugal, de J. Touzet
- Fotografia original de Clemente Meneres, gentilmente cedida por Manuel Meneres.
- Colaboração de Ângelo Pinto da Fonseca.

Francisco Ribeiro Ferreira, Circuito de Vila Real 1936

VII Grande Volta a Portugal

Em 1955 disputou-se a VII Grande Volta a Portugal em automóvel e um dos  carros mais interessantes à partida era este Ferrari 166MM Touring Barchetta s/n 040 tripulado por Manuel e Augusto Palma, que se vêem na imagem a ladear Joaquim Morgado, o "outro" nome  por detrás das oficinas Palma & Morgado. 
Este carro, originalmente importado para Vasco Sameiro em 1950, surgiu nesta prova já algo cansado e acabaria por abandonar a Volta a Portugal sem deixar qualquer marca relevante, de resto tal como viria acontecer com todos os Ferrari inscritos nesta prova.
O Ferrari 166MM estava equipado com um motor V12 a 60 graus com 1995 cc de cilindrada, alimentado por três carburadores Weber 32 DCF que permitiam obter uma potência de 140 bhp, um  valor notável para a época.

E que carreira teve este 166MM . Usou 4 motores, teve bilhete de identidade trocado, o único Ferrari
em Portugal que foi levado à vitoria por Sameiro e Casimiro .
Hoje reside no UK em boa casa .
Luis

Grande Prémio de Tanger 1955


José Arroyo Nogueira Pinto estreou o Ferrari 750 Monza Scaglietti Spyder  #0572 no Grande Prémio de Tanger de 1955 (não confundir com o II Circuito Internacional de Tanger, que também se disputou nesse ano) e conseguiu logo uma das suas vitórias mais saborosas. Viria ainda a vencer o Circuito de Vila do Conde desse mesmo ano, mas não terminou o Grande Prémio do Porto e o Circuito de Monsanto, as provas mais importantes da época portuguesa.
A partir de 1993 este carro passou a fazer parte da colecção privada da Ferrari Spa, estando incluído na exposição permanente das Galerias Ferrari, em Maranello.






Monsanto 54

Imagem da grelha de partida para o II Circuito Internacional de Lisboa, IV Grande Prémio de Portugal, em que se podem ver o Maserati A6GS nº 15 de Cesare Perdisa, o Ferrari 250 MM (#0326MM) de D. Fernando Mascarenhas (nº12), o carro idêntico (#0330MM) do piloto brasileiro Francisco Marques (nº3), o Jaguar XK120 de Godia Sales e o Ferrari 225S nº 2 (#0198ET) de Sérgio Bernardes.
Junta-se também uma fotografia obtida no interior das oficinas de Palma & Morgado durante os dias que precederam o Grande Prémio, com a respectiva legenda. Trata-se de um excerto de um notável trabalho publicado na revista "Clássicos" de Maio de 2001 por Carlos Guerra, onde se revelam os Ferrari que na década de 50 competiam em Portugal.


Cavaleiro Andante


O "Cavaleiro Andante" era uma revista de banda desenhada que se publicava em Portugal na década de 50 do século passado e que marcou toda uma geração. Para além das aventuras que os jovens leitores seguiam avidamente, o "CavaleiroAndante" acompanhava também tudo o que de mais importante se passava no panorama desportivo nacional, como o comprova esta reportagem relativa ao Circuito Internacional de Lisboa de 1953, assinada por alguém que viria a tornar-se numa das principais  referências do jornalismo desportivo português, Carlos Pinhão.

(Colaboração de Gonçalo Macedo e Cunha)