Mais do que uma prova automobilística, a Volta a Portugal de 1927 constituiu um grande desafio que uma única equipa decidiu enfrentar. Através de um Portugal rural e subdesenvolvido, sem estradas dignas desse nome, Carlos Moniz Pereira, na altura director do ACP, formou a sua equipa e dispôs-se a percorrer o país de "lés-a-lés", facto que constituiria um primeiro "record" nacional.
O carro escolhido foi o FN de 10 HP, no qual se fez acompanhar por Artur Mimoso, pelo fotógrafo David Benoliel e por Filipe Vilhena, este na condição de "controlador" do ACP. Com o apoio dos jornais "O Século" e "Primeiro de Janeiro", os intrépidos automobilista partiram de Cacilhas a 17 de Julho de 1927 e logo ao fim do primeiro dia de viagem tiveram uma paragem forçada de quatro horas em Odeceixe à espera que as águas baixassem para poderem prosseguir rumo ao Algarve.
Filipe Vilhena adoeceu pouco depois e regressou a casa, pelo que apenas Moniz Pereira, Artur Mimoso e Benoliel se apresentaram à chegada aos Restauradores na madrugada do dia 23, ao fim de 94 horas e 40 minutos de intensa aventura, sem que o valoroso "FN" sofresse qualquer avaria. A equipa apenas teve que lidar com os inevitáveis "furos" provocados pelo péssimo estado das estradas nos frágeis pneus de então.
António Félix da Costa, Pedro Bordalo Pinheiro, Ferreira de Castro e Joshua Benoliel estavam entre a distinta comissão de boas vindas que se apresentou na Praça dos Restauradores para receber os "Heróis" que tinham pela primeira vez atravessado Portugal em automóvel. Um verdadeiro prodígio em 1927.
Fotografia - Centro de Documentação do ACP
Bibliografia - "Primeiro Arranque", de Vasco Callixto
Bom dia, adorei a publicação! Um pequeno reparo - o fotógrafo "David Benoliel" não existe. Quem acompanhou os três tripulantes nesta incrível aventura foi o próprio Joshua Benoliel. Obrigada pela partilha!
ResponderEliminarAliás, a confusão é que David Benoliel - filho de Joshua Benoliel - era médico e não fotógrafo.
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