Já não faltará muito para que um dos mais importantes automóveis de competição alguma vez existentes em Portugal volte a aparecer em estradas (circuitos) do nosso país. Para já, o carro está novamente em mãos portuguesas e passa agora por um processo de restauro e retorno às especificações que tinha após ter sido comprado por D. Fernando de Mascarenhas em 1955.
O Ferrari 750 Monza Spider Corsa, chassis número 0560MD, teve a sua estreia em competição a 19 de Junho de 1955, no Circuito de Imola, onde foi conduzido pelo lendário Umberto Maglioli, que terminou esta prova em segundo lugar. Este mesmo chassis terá entretanto participado no Circuito de Tanger, pelas mãos de D. Fernando Mascarenhas, embora ainda na configuração "Mondial 2 Litros".
Depois de Imola o carro foi novamente para Portugal, uma vez mais cedido a D. Fernando de Mascarenhas para este disputar o Grande Prémio de Portugal, no Circuito da Boavista. O piloto português não terminou a corrida e pouco depois o 0560MD voltou a Itália, desta vez para ser a entregue a outro "gigante" da época, Eugenio Castellotti, que com ele venceu a "Coppa d´Oro delle Dolomiti", uma das provas mais importantes do calendário europeu de então. Será ainda tripulado por Olivier Gendebien, que fica em 2º lugar na Rampa de Aosta e vence a classe respectiva.
Finalmente adquirido por D. Fernando Mascarenhas, este Ferrari 750 Monza disputa seguidamente o Grande Prémio de Lisboa e o Circuito de Vila do Conde, ainda em 1955. Nessa altura o carro apresentava já a característica pintura a duas cores, vermelho e branco, e as duas "barbatanas" brancas instaladas na parte posterior da carroçaria as quais, avaliando pelos conhecimentos actuais de aerodinâmica, trariam mais inconvenientes que vantagens em termos de velocidade pura e estabilidade.
Mais tarde será vendido a uma jovem esperança de então, António Borges Barreto, que o vai tripular no Grande Prémio do Porto de 1956, provavelmente na versão "Mondial 2 litros".
Após a trágica morte deste nas "6 Horas de Forez", o chassis 0560MD é vendido para o Brasil (Ico Ferreira), disputa várias corridas menores e desaparece, para reaparecer anos depois, abandonado, esquecido e … com um motor Chevrolet instalado. Os "restos mortais" do Ferrari foram comprados em 1978 por Derek Lees, que deu início ao processo de restauro e o vendeu em 2004 ao seu actual proprietário.
Imagens:
Em cima, D. Fernado Mascarenhas ao volante do Ferrari 750 Monza durante o grande prémio de Lisboa de 1955, em Monsanto, e à porta das oficinas de Palma & Morgado, em Lisboa..
Em baixo, o estado deplorável em que este mesmo carro foi encontrado, muitos anos depois.