O Acidente

Vasco Sameiro (Ferrari 166MM nº 2) e Casimiro de Oliveira (Ferrari 250MM nº 3) protagonizaram um aceso despique no decorrer do III Grande prémio do Porto de 1953, disputado como sempre no circuito da Boavista. Porém, à 54º volta o carro de Vasco Sameiro deu um toque num passeio e começou uma sequência de "cambalhotas" que projectou de imediato o piloto de encontro ao solo. Casimiro de Oliveira, que vinha atrás, parou junto do carro acidentado para se informar sobre o estado de saúde do seu amigo e depois prosseguiu a corrida, terminando em segundo lugar logo após o Ferrari 250 MM de José Nogueira Pinto, o vencedor.
Fotografias de José Francisco Correia


Augusto Palma e o Carburador

Um ainda muito jovem Augusto Palma segura numa das mãos parte de um dos carburadores do Ferrari 166 MM Spider Vignale (s/n 0290M) do Conde de Monte Real durante os treinos para o Circuito Internacional de Monsanto de 1953, que ficou conhecido como o Grande Prémio do Jubileu do Automóvel Clube de Portugal. A corrida viria a ser ganha pelo Lancia D23 de Felice Bonetto, com Stirling Moss a conquistar o segundo lugar tripulando um Jaguar C-type. José Nogueira Pinto levaria o seu Ferrari 250MM ao terceiro lugar enquanto que o Conde não iria além da quinta posição.


A Festa dos Cooper Climax

Imagem da partida para o VIII Grande Prémio de Portugal de 1959, com Jack Brabham  (1) em Cooper Climax na dianteira, seguido de Masten Gregory (2), em carro idêntico. Depois vem o Cooper Climax (4) da equipa de Rob Walker tripulado por Stirling Moss e ainda um outro (3) pilotado por Bruce Mc Laren. No final seria Moss a cortar a meta em primeiro lugar, com o segundo classificado, Masten Gregory, a chegar com uma volta de atraso. Estava definitivamente confirmada a superioridade dos carros de motor traseiro, configuração que se mantém até aos dias de hoje.






Quilómetro Lançado da Boavista

A primeira edição do Quilómetro Lançado da Boavista teve lugar a 26 de Agosto de 1923, tendo como vencedor o Mercedes de Abílio Nunes dos Santos. Carlos Eduardo Bleck (na imagem) em Delage, não iria além do 5º lugar mas voltaria em 1925 para conquistar a vitória absoluta na segunda edição desta mesma prova entre 19 automóveis, desta vez ao volante de um Bugatti. Com este mesmo carro e ainda em 1925 Carlos Bleck viria a vencer o I Circuito do Estoril, terminando a corrida com uma vantagem de 3 segundos sobre  Abílio Nunes dos Santos, em Mercedes.
Foto - Sofia Bleck


Fernando Palhinhas e os automóveis FAP.

A FAP é, provavelmente, a mais carismática de todas as marcas portuguesas de competição que vieram à ribalta durante a década de 50. Foi a primeira a surgir e, por essa razão, foi claramente inspiradora. Foi a que mais modelos produziu, chegando a ter cinco automóveis a correr ao mesmo tempo. Teve 16 pilotos a defendê-la, cabendo a Fernando Palhinhas (Pai) a subida honra de ter feito o maior número de provas ao volante de um automóvel da marca: nada menos de 31. O somatório de todas as participações de todos os concorrentes da marca corresponde a 75 resultados, dos quais 21 – quase um terço – são vitórias, à geral ou à classe. E tem ainda o privilégio de contar com três provas internacionais no seu curriculum: Rali a Vigo, em 1951, Circuito de Tanger, em 1954 e Circuito de Agadir, em 1955. 
Texto de José Barros Rodrigues in "Os Automóveis FAP de Fernando Palhinhas"
Foto - Centro de Documentação do ACP

Nurburgring 1955

Em 28 de Agosto de 1955 D. Fernando Mascarenhas e Joaquim Filipe Nogueira (FE-22-24)  participaram no ADAC 500 Km do Nurburgring, ambos tripulando carros idênticos, os Porsche 550 Spyder que por essa altura se apresentavam como verdadeiras revelações do desporto automóvel internacional. Os pilotos portugueses teriam sortes diferentes, pois enquanto Filipe Nogueira terminou a prova num brilhante 10º lugar absoluto D. Fernando Mascarenhas viria a abandonar a corrida devido a acidente. Note-se que na parte final da sua corrida Filipe Nogueira se sentiu indisposto e foi substituído por José Arroyo Nogueira Pinto.
A imagem é de má qualidade e as condições meteorológicas eram também bastante adversas, mas o carro em primeiro plano revela (tenta revelar, pelo menos) o Spyder deste último.
Jean Behra, em Maserati 150 S seria o vencedor, com Richard von Frankenberg, o fundador da revista Christophorus da Porsche, em segundo lugar ao volante de um Porsche 550 Spyder.
Fotografia - colecção família Mascarenhas


Ferrari 735S #0444MD

O Ferrari 735S chassis #0444 MD foi entregue originalmente a Vasco Sameiro, que o estreou no Circuito do Porto de 1954. Na altura o carro evidenciava sérios problemas de motor mas mesmo assim foi inscrito para o Circuito de Monsanto desse mesmo ano, prova a que a imagem se refere. As coisas também não correram de feição e o Ferrari nº 11 acabou por cumprir apenas 35 das 60 voltas da corrida. De seguida o carro foi enviado para o Brasil, tendo Vasco Sameiro vencido com ele o Circuito do Maracanã, no Rio de Janeiro. No regresso o #0444MD foi entregue a João Gaspar, que o venderia a Herbert Mackay-Frazer, o qual mais tarde lhe introduziu as especificações do 750 Monza.
Fotografia - colecção Augusto Palma


Fotografia de baixo - colecção Domingos Palha da Costa

O Ferrari 735 "0444" foi entregue a Vasco Sameiro com anomalias de alimentação, pois parecia ser uma praxe da Ferrari que os clientes fizessem a afinação do carro. Depois do Porto a saga prosseguiu no Monsanto. Quando o "0444" ficou a ponto  Sameiro venceu no Maracanã e de seguida vendeu o carro ao seu amigo McFrazer. Este inscreve-se na Boavista 1955 onde o carro deu sinais graves de problemas de motor, não se apresentando à partida. Sucedeu que o Vasco Sameiro teve um terrivel acidente nos treinos no qual o seu Ferrari Monza ficou destruído. Mc Frazer compra então a V Sameiro o motor e a caixa do Monza, o que lhe vai permitir a presença no Monsanto, onde termina a corrida. Ainda hoje a "0444" tem o motor trocado com uma  225S que foi de Portugal para o Brasil.
Luis

Vitória de Fangio

Juan Manuel Fangio (Maserati 300S #11) prepara-se para a partida do VI Grande Prémio de Portugal de 1957, disputado em Monsanto, de que viria a ser brilhante vencedor. Ao lado está o Ferrari 860 de Masten Gregory (#16) e na fila seguinte o Osca #"9 de Alexandre de Tomaso e o Maserati 300S de Godia Sales.
Apenas Fangio e Masten Gregory chegaram ao fim na mesma volta, com o terceiro classificado (Menditeguy) a duas voltas de distância. O português melhor classificado foi Joaquim Correia de Oliveira, em Porsche 550 Spyder, com seis voltas de atraso em relação ao vencedor.
Foto - Centro de Documentação do ACP



Foi uma excelente corrida, num traçado difícil. Masten Gregory, na Ferrari 290MM de Temple Buell, foi aguentando até ser ultrapassado na curva do moinho por JM Fangio, que
bem apoiado na ágil Maserati 300S , passou por dentro com facilidade e destreza. Boas as corridas de Phil Hill, enquanto durou , e das 300S de Godia Sales e Carlos Menditeguy assim como a bela corrida do Osca de A de Tomaso. Os nossos representantes nos Porsche Spyder, enquanto pilotos, estiveram furos abaixo da potencialidade dos carros.

Luis