Conde de Monte Real, o Centenário

31 de Agosto de 1916. Há exatamente cem anos nasceu em Lisboa Jorge Cardoso Pereira da Silva de Melo e Faro, que ao longo da vida viria a ser conhecido por Conde de Monte Real, título atribuído em 1907  pelo Rei D. Carlos I a seu pai, Artur Porto de Melo e Faro. Desde muito cedo que Jorge Monte Real (nome que também usava) mostrou uma clara vocação pelos desportos motorizados tendo-se estreado em competição numa prova de motocross quando ainda nem sequer tinha idade para tirar a carta de condução. Pouco depois tirou o brevet de piloto privado de avião (PPA, licença nº 29) e em 1933, com apenas dezoito anos de idade, começou a correr em automóveis. Venceu a Rampa do Cabo da Roca ao volante de um MG e logo nesse ano disputou o Circuito do Estoril conduzindo um Bugatti. Em 1951 conquistou um brilhante segundo lugar no Rallye de Monte Carlo fazendo equipa com Manuel Palma num Ford 100 CV, resultado que continua a ser o melhor alguma vez obtido por uma equipa portuguesa nesta clássica do calendário mundial. Nesse mesmo ano venceu o Campeonato Nacional de Rampas ao volante de um Ford Ardun especialmente concebido nas oficinas de Manuel Palma, feito que repetiria no ano seguinte com 100% de vitórias. Em 1968 despediu-se das pistas triunfando na prova de veteranos do Circuito da Granja conduzindo um Porsche 911 R. Morreu em Julho de 1992 com 76 anos de idade.






 


Casimiro em Fórmula 2

Poucas pessoas o saberão mas Casimiro de Oliveira realizou em 1953 um teste ao volante de um Ferrari 500 de Fórmula 2 na pista italiana de Modena a convite de Enzo Ferrari. Este era o mesmo chassis que Alberto Ascari levou à vitória no grande Prémio de Itália de 1952 numa época em que o Campeonato do Mundo era disputado por carros de Fórmula 2. O piloto português terá estado ao volante durante cerca de 20 minutos e consta que os tempos por volta foram animadores. Após o teste  Casimiro de Oliveira adquiriu um Ferrari 250 MM Spider Vignale para si próprio.
A foto é do jornal "O Volante"



A Estreia do Etnerap

António Augusto Parente, visto aqui em pé junto da sua obra, foi um dos construtores artesanais portugueses inscritos no Circuito de Monsanto de 1953 na categoria de carros com motores até 1,100 cc de cilindrada. O seu Etnerap (anagrama de Parente) foi construído sobre uma base Fiat 1100 equipada com um motor que debitava cerca de 70 cavalos, potência relativamente modesta mas suficiente para transformar esta pequena "barchetta" num verdadeiro carro de corrida. Ao volante está João Castello Branco, que pilotou o Etnerap no Circuito de Monsanto mas que aqui se apresenta durante a estreia do carro em competição na Prova de Perícia e Condução do Sporting realizada a 25 de Abril de 1953. Terminou no 2º lugar da Classe D.
Com agradecimentos a Ângelo Pinto da Fonseca.


"Os Heróis" de 1935

Não eram muitos os portugueses que em 1935 participavam nas poucas corridas de automóveis que o Automóvel Clube de Portugal organizava nas improvisadas pistas do país. Conheciam-se todos e formavam como que um grupo de amigos. O Circuito do Estoril era sem dúvida a prova mais importante do calendário e a que mais concorrentes atraía como se constata por esta imagem relativa à cerimónia de entrega dos prémios realizada na noite de 20 de Outubro no Casino. O vencedor, Francisco Ribeiro Ferreira, recebeu a maior taça e dez mil escudos em dinheiro. António Guedes Herédia realizou a volta mais rápida.
Os protagonistas, da esquerda para a direita:
António Guedes Herédia (Railton), Manuel José Soares Mendes (Alfa Romeo), Jorge Monte Real (Bugatti), Francisco Ribeiro Ferreira (Bugatti), Manuel Nunes dos Santos (Adler), Henrique Lehrfeld (Bugatti) e um concorrente não identificado.
Foto da família Lehrfeld


Circuito das Beiras 1912

Com partida e chegada em Braga disputou-se no dia 21 de Junho de 1912 o Circuito da Beira - Serra da Estrela, prova que levou os nove concorrentes inscritos a percorrerem mais de 500 km nas províncias do Minho e Beiras. A partida foi dada às 3 horas da madrugada e o tempo limite para completar o percurso era de 17 horas. O vencedor foi Norberto Guimarães em "Llenay Belleville" (na foto) que teve a seu lado o mecânico Coelho da Garagem Benz do Porto.
Transcreve-se uma local de um jornal da época: " Todos os cavalheiros e algumas senhoras que vinham nos automóveis chegaram muito bem dispostos, não tendo havido desgraças".
Bibliografia - "Primeiro Arranque", de Vasco Callixto
Foto - Ilustração Portuguesa


Duelo no Estoril

Em 1935 disputou-se na zona envolvente do Casino aquele que viria a ficar conhecido como o I Circuito do Estoril, prova organizada pelo ACP. Não é inteiramente verdade porque dez anos antes (1925) já ali se tinha disputado uma corrida mas foi esta a designação que perdurou. Nove concorrentes alinharam à partida para esta competição que consistia em realizar 60 voltas a um traçado que tinha pouco mais de três quilómetros de extensão. Eram eles: Henrique Lehrfeld, Francisco Ribeiro Ferreira, Jorge Monte Real e Almeida Araújo, todos em Bugatti, Nunes dos Santos em Adler, Manuel Soares Mendes em Alfa Romeo, José Alves da Silva em Adler e António Guedes de Herédia em Railton.
Dada a partida assistiu-se a um épico duelo entre os Bugattis de Ribeiro Ferreira, Monte Real e Lehrfeld que se alternavam frequentemente no comando até que este último sofreu um furo e teve que parar para mudar a roda afectada, operação que lhe custou três voltas de atraso. António Herédia ainda viria a intrometer-se conseguindo a volta mais rápida mas a vitória acabou por sorrir a Francisco Ribeiro Ferreira (#5). Jorge Monte Real (#8), aliás Conde de Monte Real, terminaria em segundo lugar. Tinha apenas dezanove anos de idade.
Bibliografia - "Primeiro Arranque", de Vasco Callixto e Jornal "O Volante" 
Centro de Documentação do ACP



Monte Carlo 1933

Francisco Ribeiro Ferreira e os seus passageiros António Herédia e Estêvão Vanzeller no Delage com o nº 20 que terminaria o Rallye de Monte Carlo de 1933 num honroso 44º lugar da classificação geral cotando-se como a equipa portuguesa que obteve o melhor resultado nesta edição da grande clássica europeia. A dureza da prova fica refletida no facto de apenas 71 dos 115 concorrentes iniciais terem conseguido chegar ao fim.
Junta-se um pequeno filme da Pathé sobre o  Rallye Monte Carlo 1933