As Cinzas de um Aston Martin

Tony Gaze foi um dos participantes no III Grande Prémio de Portugal de 1953, disputado no circuito da Boavista, tripulando um magnífico Aston Martin DB3S. Por razões nunca completamente esclarecidas, o carro nº 15 pegou fogo ainda no decorrer da segunda volta, tendo o piloto australiano escapado ao incêndio que se seguiu sem sofrer consequências de maior. O Aston Martin, porém, foi rapidamente reduzido a cinzas apesar dos esforços dos mal equipados bombeiros locais (note-se o "regador" em primeiro plano).
Esta não foi a primeira vez que Tony Gaze se viu em sérios apuros. Durante a II Guerra Mundial, este então muito jovem australiano integrou os quadros da Royal Air Force como piloto de aviões Spitfire, tendo sido abatido sobre a França ocupada e feito prisioneiro pelos alemães. Porém, viria a ser libertado pela Resistência francesa que, após um difícil processo de fuga, o devolveu a Inglaterra.
Tendo retomado as suas funções na RAF após um breve repouso, Tony Gaze viria a ser o primeiro piloto das forças aliadas a aterrar em França (St Croix-sur-mer) após o desembarque na Normandia a 10 de Junho de 1944.

Fotografia colecção Duarte Pinto Coelho

Só uma nota sobre o Aston que ardeu e que é mencionado nos Heróis. O modelo é um DB 3 e foi o 9º a ser construido, registo de  fábrica TPB639 . Fez anteriormente à Boavista  2 corridas e aqui bateu e ardeu.
Claro que a minha fonte é um livro do Anthony Pritchard mas  até esta"biblia" terá um erro . Menciona que o carro foi entregue ao piloto da Nova Zelândia Tony Gaze ; na foto da capa do livro vê-se que era de facto australiano.

(Fernando Pinto da Fonseca)

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XIII Rallye de Monte Carlo

Em 1934, a equipa portuguesa formada por Francisco Ribeiro Ferreira, António Guedes de Herédia e Virgílio Barroso, tripulando um "Terraplane", participou no XIII Rallye de Monte Carlo, tendo percorrido exactamente 3,786 quilómetros para fazer a ligação entre Sofia, que foi a sua cidade de partida, e Monte Carlo. 
Durante os vários dias necessários para ligar a capital búlgara ao principado, foram várias as peripécias que aconteceram, como se esperava de uma grande aventura como esta. Tendo partido às 5 da madrugada de Sofia, esqueceram os respectivos passaportes na recepção do hotel e só se deram conta do facto quando chegaram à fronteira com a Grécia. Impedidos de prosseguir e não havendo nas proximidades qualquer telefone utilizável, decidiram regressar a Sofia, mas quando chegaram ao hotel foi-lhes dito que os passaportes já tinham seguido para Salonica, aproveitando um portador acidental, Lord Clifford, que se deu conta da falha dos portugueses e se ofereceu para os ajudar.
Apesar de ter perdido um dia inteiro com este erro, a equipa portuguesa conquistou um brilhante 4º lugar na classificação geral, entre 114 concorrentes à partida. Um outro português, Bento de Sousa Amorim,  terminou em 81º lugar, tendo partido de Valença ao volante de um Ford.
Bento de Sousa Amorim viria a ter uma importância decisiva na criação e expansão do circuito de Vila do Conde, cidade onde residia e onde chegou a liderar o respectivo município.





Os Vencedores

Ernesto Martorell, em Denzel,  e D. Fernando Mascarenhas, em Jaguar XK120, respectivamente vencedores da Taça Governador Civil de Lisboa e da Taça Cidade de Lisboa, provas incluídas no programa do Grande Prémio de Portugal de 1954, disputado no circuito de Monsanto.


Grande Prémio de Portugal 1959

Reportagem de época, filmada a cores e agora convertida para vídeo, do Grande Prémio de Portugal de 1959 disputado no circuito de Monsanto. Stirling Moss foi o vencedor.
Clique aqui para ver.

(Contribuição de Duarte Pinto Coelho)

O Ano dos Denzel

Em 1954 disputou-se no Parque de Monsanto o IV Grande Prémio de Portugal, prova que viria a ser ganha pelo argentino Froilan Gonzalez, em Ferrari. Integrada no programa disputou-se também a II Taça Governador Civil de Lisboa, para a qual se inscreveram nada menos que quatro Denzel, para os pilotos Ernesto Martorell, Filipe Nogueira , Alves Pimenta e Fernando Stock. Além dos carros austríacos, de um Siata, de um MG e de um Jowett Jupiter,  participaram nesta corrida uma dúzia de automóveis de corrida produzidos em Portugal, a saber: cinco F.A.P., três Alba, dois D. M., um Olda e um "Etnerap"(anagrama de Parente).
O vencedor seria Ernesto Martorell, que terminou 12 segundos à frente de Filipe Nogueira. Abílio Barros, em F.A.P., seria o terceiro classificado e o melhor entre os carros portugueses. Alves Pimenta (na foto)  sofreu um pequeno "percalço" com o seu Denze,l mas assim mesmo terminaria a prova num notável quarto lugar.


Campeonato de Rampas 1952

O Conde de Monte Real venceu o Campeonato Nacional de Rampas de 1952 tripulando um Ford Ardun. Este era um carro especialmente concebido para competição e que estava equipado com um motor Ford V8 a que foram adaptadas duas cabeças Ardun em alumínio. Esta transformação, desenvolvida pelo emigrante russo Zora Arkus-Duntov nos Estados Unidos, permitia obter um desempenho de alta performance a partir do já então bem conhecido V8 da Ford.
Na Rampa da Penha o Conde de Monte Real não só foi o vencedor como também pulverizou o anterior record e bateu os Ferrari de José Nogueira Pinto, D. Fernando Mascarenhas e Carlos Ferreira, que ocuparam os lugares seguintes na classificação. 
A história repetiu-se na Rampa de Santa Luzia, só que desta vez foi D. Fernando Mascarenhas a ficar em segundo e Nogueira Pinto em terceiro.
Nas fotografia de baixo pode ver-se o motor Ford com as cabeças Ardun (esq) e constatar-se o invulgar facto de Jorge de Melo e Faro ter subido a Rampa da Penha … sem capacete!




Os Primeiros Passos

Em 1910 a Monarquia portuguesa vive a sua maior crise de sempre e irá dar lugar, a 5 de Outubro, à proclamação da República. Meses antes, porém, é o próprio Infante D. Afonso quem preside e supervisiona a prova que seria conhecida como Rampa da Ponte Nova à Cruz das Oliveiras.
A vitória pertenceu ao Brazier 35cv de Estevão Fernandes, seguido de Angel Beauvalet, em Berliet 40cv e José Aguiar, em Isotta Fraschini de 50cv.
Nas imagens de cima, o momento da chegada do "corajoso concorrente" Pimenta de Aguiar e uma vista do traçado. Em baixo, à esquerda, a partida de um carro não identificado e, ao fundo, o vencedor, Estevão Fernandes, no seu Brazier 35cv. À direita, uma página inteira da revista, dedicada inteiramente ao acontecimento.
As imagens são da Ilustração Portugueza e foram gentilmente cedidas por Luis Caldas.







Cartaz

Exemplar colorido, provavelmente único, do cartaz oficial onde se anuncia o I Circuito Internacional de Lisboa de 1953. Note-se que, tal como consta na base do mesmo, os proveitos desta prova se destinavam "aos pobres do Governo Civil de Lisboa"...
D. Fernando Mascarenhas, em Porsche 356, venceu a Taça Cidade de Lisboa, enquanto que Felice Bonetto, em Lancia D24, seria o vencedor do Grande Prémio do Jubileu do Automóvel Clube de Portugal, à frente de Stirling Moss, que tripulava um Jaguar C Type.  José Nogueira Pinto, em Ferrari 250MM, seria o português melhor classificado nesta prova, terminando num honroso terceiro lugar.

Colecção Duarte Pinto Coelho

Uma Visão do Paraíso

A imagem, que pode parecer obtida algures em Maranello, revela de facto o interior das oficinas de Palma & Morgado por ocasião do III Circuito Internacional (Grande Prémio de Lisboa) disputado em Monsanto a 23 e 24 de Julho de 1955. A corrida foi ganha por Masten Gregory, em Ferrari 750 Monza, que cortou a linha de chegada apenas alguns metros à frente do Maserati 300S do segundo classificado, o Barão de Graffenried.
Mas vejamos agora os Ferrari estacionados no "parque" da oficina de Manuel Palma e Joaquim Morgado:
 nº12 - Daetwyler - 750 Monza #0548M
 nº11 - Masten Gregory - 750 Monza #0554M - está para venda, neste momento.
 nº18 - José Nogueira Pinto - 750 Monza #0572M
 nº15 - Godia Sales - 500 Mondial # 0446MD. Usado mais tarde por Filipe Nogueira como Monza 735S #0556MD.
 nº19 - Joaquim Filipe Nogueira - 250MM #0332MM
 nº 21 - Mac Kay Frazer - 735 Monza #0444MD
 nº17 - D. Fernando Mascarenhas - 750 Monza # 0560M - em fase avançada de recuperação. Em breve regressa a Portugal.
 nº20 - Borges Barreto - 250MM #0326MM

Num anúncio de página inteira inserido na edição de Agosto de 1955 da revista do ACP, pode ler-se que Palma, Morgado e C.ª Lda atestam que "todos estes carros foram revistos e afinados" nas suas instalações da avenida Elias Garcia 106-108 e Visconde de Valmor 68 B e C.
Nessa mesma edição, uma legenda informa que no sábado, após os treinos,  D. Fernando Mascarenhas recebeu TODOS os participantes nas corridas desse fim de semana na sua casa de Benfica, para uma recepção memorável que se prolongou noite fora. Já não há Heróis assim.



Fotografia Arquivos do ACP






"NUMA DESTAS NOITES, ANTES DO CIRCUITO DE MONSANTO E APÓS UM JANTAR NA TIA MATILDE, RESTAURANTE QUE O MEU PAI ADORAVA EMBORA FOSSE UM FERRENHO DO BELENENSES, ATRAVESSAMOS A LINHA DO COMBÓIO E FOMOS VISITAR AS OFICINAS DO PALMA & MORGADO, ACESSO SÓ POSSIVEL A ALGUNS CLIENTES. ADOREI OS BÓLIDES. NÃO ESTAVAM NESTAS POSIÇÕES, MAS ESTAVAM LÁ TODOS.
PENSO QUE FOI A PRIMEIRA VEZ QUE LÁ ENTREI SEM SEQUER ME APERCEBER DA IMPORTÂNCIA QUE AQUELA CASA E A FAMILIA PALMA IRIAM TER NA MINHA VIDA. O MEU PAI MORREU MESES DEPOIS, TINHA EU 9 ANOS, MAS NESTE LOCAL ENCONTREI ANOS DEPOIS UMA FAMILIA QUE NUNCA MAIS ESQUECEREI." ERNESTO NEVES

A sorte de uns é o azar de outros. Em 1955, no circuito da Boavista , todos sabemos dos acidentes de Vasco Sameiro e Casimiro de Oliveira com os Monza 750. Inscrito para esta corrida estava o Ferrari 735I 0444, de McKay Frazer, que era o carro de Sameiro em 1954. Sucede que nos treinos a caixa de velocidades deixou de colaborar e o motor apresentava sérios problemas, o que levou o 0444 a não participar na corrida .
Como podemos verificar através do belo documento postado neste apetecível blog,  o 0444 aparece em Monsanto  já pronto a andar. O motivo foi simples: sendo amigo de Sameiro, McKay Fraser adquiriu o motor e a caixa do Monza 750 sinistrado de Vasco e  instalou estes componentes no seu carro.
Curiosamente, mais tarde John Bolster, editor da Autosport e amigo de McKay Frazer , andava com os carros deste quando o piloto se ausentava para a América do Sul. 
Dizia ele que o Ferrari era um belo carro, mas tinha um senão que tirava a paciência a qualquer um: para trabalhar bem e até chegar à temperatura normal de funcionamento consumia um jogo de velas, que depois tinham de ser substituídas por outras diferentes, caso contrário o motor não desenvolvia e só engasgava, tal como Sameiro tinha observado um ano antes .

Luis

I Rallye Lisboa Madrid 1953

Manuel José Soares Mendes foi um dos vários concorrentes portugueses que participaram no I Rallye Lisboa Madrid de 1953, uma prova do tipo "concentração turística" organizada pelo Clube 100 à Hora  que ligava as duas capitais ibéricas. Na imagem vemo-lo ao volante do seu Porsche 356 a preparar-se para disputar uma complementar na Avenida Francisco Franco (hoje Avenida de la Castellana), em Madrid.
Soares Mendes terminaria em quarto lugar da classe 4, atrás de Filipe Nogueira, Ernesto Martorell e D. Fernando Mascarenhas, ficando Fernando Stock na quinta posição. Todos tripulavam Porsche 356.
Manuel Palma, em Ford, venceu a classe 6.
À direita da fotografia, de perfil, pode ver-se  Jaime Rodrigues, um dos mais conceituados preparadores de automóveis de competição da época, co-responsável por muitos dos sucessos de Joaquim Filipe Nogueira.

Cartaz da prova. Colaboração de Gonçalo Macedo e Cunha

II Rallye Internacional de Lisboa

Em Junho de 1948 realizou-se o II Rallye Internacional de Lisboa (Estoril), prova organizada pelo ACP e que, a exemplo de outros grandes eventos da época, tinha partidas de várias cidades europeias, nomeadamente  Paris, Londres e ... Cacilhas. Inscreveram-se 139 equipas.
O presidente da Comissão Desportiva do ACP, Mário Madeira, deu a partida aos 54 concorrentes que se apresentaram no largo de Cacilhas, na margem sul, os quais depois se juntaram no ferry para atravessarem o Tejo. Os bilhetes para a travessia eram fornecidos pela organização.
A prova compreendia cerca de 2000 quilómetros de estrada e um pequeno número de complementares a realizar em Lisboa e no Estoril para decidir a classificação final. Jorge de Melo e Faro, Conde de Monte Real, seria o vencedor absoluto, ao volante de um belíssimo Bentley, ficando Clemente Meneres em segundo e José Cabral em terceiro.
D. Josefina Guedes Herédia partiu de Paris ao volante do seu Delahaye e conduziu durante todo o percurso até Lisboa, uma vez que a sua companheira de equipa ... não tinha carta. À chegada as duas senhoras  apresentaram queixa contra o condutor de um camião que perto de S. Pedro do Sul lhes apareceu de frente, completamente fora de mão, quase provocando um desastre.
Délia Gonçalves e Maria Maia Loureiro venceram a Taça de Senhoras, em Mercury.
Luis Demony, em Lincoln, venceu o Concurso de Elegância Automóvel que teve lugar no Estoril.

O Conde de Monte Real e o seu Bentley 4 1/2 Liter, grandes vencedores do II Rallye Internacional de Lisboa. (Foto Duarte Pinto Coelho)
É, mais exactamente, um 4 1/4-litre.
Carrosserie em alumínio, tipo ‘all weather’ construída por Erdmann & Rossi, de Jos Neuss, Berlin-Halensee.

Encomendado por um cidadão estrangeiro em 1937, e adquirido mais tarde por Jorge de Melo e Faro, à Alfândega de Lisboa. (by Carlos Guerra)
Em baixo, à esquerda, a distribuição dos prémios, vendo-se o vencedor entre Henrique Lehrfeld e Mário Madeira. À direita, a equipa vencedora da Taça de Senhoras, Délia Gonçalves / Maia Loureiro


Partida tipo Le Mans

Foi em Vila do Conde, corria o ano de 1959, que se disputou uma corrida de Grande Turismo cuja partida adoptou o método que na altura se utilizava para as 24 Horas de Le Mans. Os pilotos perfilavam-se de um dos lados da pista, tendo os carros alinhados no outro. Dada a bandeirada de largada, cada concorrente corria para o respectivo automóvel, abria a porta, dava à ignição, engatava a primeira e, zás, arrancava.
No final das trinta voltas foi Horácio Macedo quem venceu, ao volante do Mercedes Benz 300SL com o número 2, que se vê em primeiro plano. A seguir classificou-se Nogueira Pinto, com o Alfa Romeo número 11, e Marques Pinto, também em Alfa Romeo. Carlos Faustino levou o Volvo a um brilhante quarto lugar e José Valentim, em Porsche 356, terminou em quinto.
Participaram na corrida mais quatro concorrentes, entre eles o vilacondense Carlos Corte Real, em Jaguar XK 120. A imponente figura do piloto, aliada a um peso ainda mais imponente, terá contribuído para a sua fraca prestação, nomeadamente no momento da partida. O carro também não colaborou e a equipa abandonou ao fim de apenas uma volta.


O que mais me impressiona nestas partidas é o fabuloso silencio desde o sinal de partida até o primeiro motor pegar. Depois é distinguir os vários sons,que terminam numa orquestra sensacional...
Fiz várias destas partidas nos belos fins de semana que o coronel Hipólito organizava no aerodromo de Sintra,no final dos anos 60,nessa altura num Lotus Elan.
Creio que os Porsche têm a chave de ignição do lado esquerdo do volante ( e ainda hoje mantêm, por tradição ) para se ganhar tempo. Entra-se no carro, pé esquerdo na embraiagem,a primeira já estava metida,mão direita no volante , pé direito no acelerador, ignição com a mão esquerda, as RPM,sabemos de ouvido,lá vamos com o cuidado de não bater nem apanhar com outro.
E amarrar o cinto ?
Abraços do Carlos Duarte Ferreira 



Pouco antes da partida os Nogueira Pinto, pai e filho, confraternizam com Horácio Macedo, o futuro vencedor da corrida. Este era o tempo dos "gentleman drivers", um tempo em que as relações pessoais eram mais importantes que os resultados.

A Aprendizagem

O Conde de Monte Real, tal como muitos outros automobilistas de sucesso, também começou a sua  carreira desportiva participando em corridas de motos. A imagem de cima documenta a sua participação (ao fundo, de óculos) no Cross do Benfica de 1934, tendo a seu lado Gueifão Ferreira e Luis Lopes, todos em Rudge.
Ernesto "Nené" Neves, que viria a ser o piloto português com mais campeonatos nacionais conquistados em menos espaço de tempo (registo que ainda se mantém) fez-se fotografar em 1958, com apenas 12 anos de idade, aos comandos da Gilera com a qual o irmão Luis disputava provas de motociclismo, antes de ele próprio se estrear na modalidade em 1963. Note-se o emblema da Abarth na manga da camisola, sinal inconfundível do que estava para vir.
A ligação do Conde de Monte Real a Ernesto Neves não é acidental, uma vez que a vida de ambos se cruzou com intensidade durante muito tempo para além dos automóveis.




Taça Cidade de Lisboa, 1953

Em 1953 disputa-se no circuito de Monsanto a Taça Cidade de Lisboa, prova integrada no programa do Circuito Internacional e que era disputada em duas eliminatórias que apuravam os concorrentes para uma final.
À partida para a corrida inaugural, o imponente Allard do Conde de Monte Real partilha a primeira fila da grelha com os pequenos Porsche 356 de Jorge Correia Reis e Ernesto Martorell. Porém, o pódio final iria ser integralmente Porsche, com os 356 de D. Fernando Mascarenhas, Jorge Correia Reis e João Castelo Branco a ocuparem os três primeiros lugares.

Em baixo: a caminho da vitória, D. Fernando Mascarenhas prepara-se para ultrapassar o MG de José Baptista
Foto Colecção JM Mascarenhas

5 Horas de Messina 1956

Em 1956 António Borges Barreto desloca-se a Itália para participar numa invulgar corrida de automóveis, as 5 Horas Nocturnas de Messina, prova que percorria um circuito com cerca de 7,6 quilómetros de extensão desenhado no interior da cidade, o qual viria a ser percorrido 87 vezes pelo vencedor, Phil Hill, ao volante de um Ferrari TR. O alentejano Borges Barreto obteve um brilhante terceiro lugar absoluto, com o já obsoleto Ferrari 750 Monza, logo atrás do Maserati 300S de Bordoni. Entre os 24 pilotos que se apresentaram à partida havia nomes como Jo Bonnier, David Piper, Hans Hermann e Piero Carini, o que dá uma ideia da importância da prova.
Augusto Palma, à direita na foto, foi o responsável pela preparação do Ferrari de Barreto, que se vê a seu lado, o que mereceu largos aplausos por parte do director desportivo da Ferrari, Merino, o segundo da esquerda, ao lado de Phil Hill.
As famosas "barbatanas" brancas instaladas no Monza desde os tempos de D. Fernando Mascarenhas foram também produto da criatividade de Augusto Palma, tal como os "respiradores" laterais que se vêem nas fotografias da época.
Depois da corrida de Messina o piloto português foi procurar o comendador Enzo Ferrari para que este lhe vendesse um dos novíssimos Ferrari TR. Sem ter o dinheiro suficiente para assegurar a transacção, Barreto teve de recorrer aos serviços de Manuel Palma para que servisse como seu fiador, o que permitiu ao promissor piloto português disputar a corrida seguinte, em St Etienne. A tragédia viria a seguir.