Pachancho - Sinfonia Metálica




Uma história dos Heróis do automobilismo nacional da primeira metade do século XX não poderia nunca ser feita sem mencionar a Fábrica Pachancho, localizada nos arredores de Braga, que foi (e continua  a ser) uma referência nacional e internacional na produção de componentes para motores de automóveis e motos, nomeadamente pistões, como se constata pela notícia-publicidade em anexo relativa ao I Circuito Internacional do Porto de 1950.
A narração do filme é da responsabilidade de Fernando Pessa, uma figura lendária da informação portuguesa do século passado.

http://restosdecolecçao.blogspot.com                                           A fábrica "velha", como lhe chamavam

Maserati 150S

Para o VII Circuito Internacional do Porto, disputado em 1956, D. Fernando Mascarenhas adquiriu nada menos que dois Maserati, um para cada uma das corridas disputadas, tendo utilizado este modelo (150S) na Taça Cidade do Porto, prova destinada a carros com cilindrada inferior a 1500 cc. O resultado não foi brilhante, tendo o Maserati nº 2 terminado em 5º lugar a corrida que foi ganha pelo recentemente falecido Roy Salvatori, em Cooper 39 Climax, com Filipe Nogueira em segundo lugar, ao volante de um Porsche 550 Spyder.
O Maserati 150S foi produzido entre 1955 e 56, tendo sido construídos apenas 26 exemplares, quase exclusivamente destinados a clientes. Tratava-se de um carro dotado de um chassis tubular e equipado com um motor de quatro cilindros em linha, capaz de produzir cerca de 140 bhp às 7.500 rpm. Apesar da vitória conseguida por Jean Behra no circuito de Nurburgring de 1955, durante a fase de desenvolvimento e promoção, o Maserati 150S dificilmente poderá ser considerado como uma história de sucesso.
Como curiosidade, assinale-se a participação nesta prova de um tal Jack Brabham, ao volante de um carro idêntico ao do vencedor (Cooper 39 Climax). Não terminou.

Bibliografia - World Sports Racing Prototypes
Fotografia - colecção família D. Fernando Mascarenhas

Duas fotos inéditas de D Fernando Mascarenhas na Maser 150S. Raro carro que morreu prematuramente com a alteração do regulamento em termos de cilindrada , mas que até na 
classe 1500 em circuitos de percurso meio road race devoravam a concorrência
Este carro tem o numero de chassis 1666 e foi "vestido" por Fiandri , talvez não o mais bonito dos fatos, mas era diferente .

Luis



Equipa Ford - 1930/32

"A mais valiosa das Equipes - Equipe Ford"
Da esquerda para a direita:
Gaspar Sameiro, vencedor do Circuito de Vila Real 1931. Eduardo Ferreirinha, primeiro prémio da rampa da Penha 1930 e segundo prémio do Circuito de Vila Real 1931. António Bores e Silva, quarto prémio do Circuito de Vila Real 1930. António Alberto de Souza Guedes, 4 horas e 55 de Lisboa ao Porto e Porto- Lisboa em prise directa.
Gaspar Sameiro conquistaria também o segundo prémio do Circuito de Vila Real de 1932, sempre em Ford A, tal como Ferreirinha e Borges e Silva.

Bibliografia - Circuito de Vila Real 1931 - 1973, de Carlos Guerra
                      Foto - DigitArq Torre do Tombo


O Jaguar XK120 de João Lacerda

Em 1951, João Lacerda inscreveu-se no II Circuito Internacional do Porto (I Grande Prémio de Portugal)  com um Jaguar XK120 (#660130) exemplarmente preparado para corrida. Porém, o carro viria a sofrer um acidente durante os treinos devido a uma falha de travões e não foi possível repará-lo a tempo de participar no Grande Prémio, que se disputou num domingo 17 de Junho. De resto, este foi um fim de semana "negro" para os Jaguar, uma vez que nenhum dos XK120 que alinharam à partida - tripulados por Duncan Hamilton, George Wickens e Tommy Wisdon - terminou a prova.
Casimiro de Oliveira, em Ferrari F340 (#0082A), seria o grande vencedor da tarde, seguido por Vittorio Marzotto, em Ferrari 212 Export. Giovanni Bracco, em Ferrari F340, seria o autor da volta mais rápida ao circuito que tinha então 7,775 km de extensão, realizando uma média de 131, 532 km/h.

Foto - João Lacerda
Bibliografia - Revista Topos&Clássicos nº 106
                    - World Sports Racing Prototypes





Foto - José B. Lacerda, "Velocidade na Invicta"

Ainda o Ferrari # 0200ED

Semanas depois da sua estreia azarada na Boavista 1952, o Ferrari #0200ED de D. Fernando Mascarenhas participa no III  Circuito de Vila do Conde, que tem lugar a 31 de Agosto. Cerca de um mês depois terá lugar o IV Circuito de Vila do Conde, o único que se disputou no chamado "circuito grande".   Ostentando já a chapa de matrícula nacional, ID-18-48, o carro apresenta-se pintado de preto e exibe uma curiosa e "aerodinâmica" cobertura de faróis, provavelmente  resultado da criatividade de Manuel Palma, o responsável pela sua preparação.
À partida para a corrida apresentaram-se cinco concorrentes, todos em Ferrari (havia mais dois inscritos, mas não compareceram). Da primeira fila partiram Nogueira Pinto, Casimiro de Oliveira e Vasco Sameiro, enquanto que D. Fernando Mascarenhas dividia a segunda fila com Guilherme Oliveira. No final, Casimiro levaria o seu Ferrari 225S amarelo à vitória, ficando D. Fernando em segundo lugar com duas voltas de atraso a separá-lo do vencedor.
À noite, no jantar de gala, os prémios foram entregues por Bento de Sousa Amorim, Presidente do Município, ele próprio um automobilista de mérito que contava com algumas participações no Rallye de Monte Carlo.

Bibliografia - Jornal "Renovação". Biblioteca Municipal José Régio, Vila do Conde


Ferrari 225S #0200ED

 O Grande Prémio de Portugal de 1952 iria assistir à estreia em competição do Ferrari 225S Vignale Spyder chassis #0200ED, que D. Fernando Mascarenhas acabara de adquirir em Itália. É este mesmo carro que vemos na imagem a ser conduzido à grelha de partida pelas mãos de Manuel Palma,  colocando-se logo a seguir ao Jaguar C Type (#XKC004) de Duncan Hamilton. Um pouco mais atrás estão os dois Lancia Aurelia B20 de Salvatore Ammendola e Felice Bonetto.
 Registe-se como curiosidade o facto de o Ferrari nº 21 ostentar no lugar da chapa de matrícula o seu  número do chassis (0200ED). Pouco depois, no circuito de Vila do Conde, este mesmo carro iria surgir pintado de preto e com a matrícula portuguesa ID-18-48.
D. Fernando Mascarenhas não terminou o Grande Prémio de 1952, cujo vencedor seria Eugénio Castellotti,  em Ferrari 225S Barcheta Touring, tendo percorrido as 50 voltas ao circuito à média de 138, 020 km/h. Casimiro de Oliveira, também em Ferrari 225S, seria o português melhor classificado,  terminando a corrida em 2º lugar com o mesmo número de voltas do vencedor.

Bibliografia - Sportscar Portugal (http://sportscarportugal.com.sapo.pt/)
                   - World Sports Racing Prototypes, non championship races.
Fotografia - colecção família D. Fernando Mascarenhas


Mercedes Benz 300 SL Coupé


Chegados a Portugal em meados da década de 50, os Mercedes Benz 300 SL Coupé rapidamente se tornaram nos veículos de referência no panorama automobilístico de então, nomeadamente em provas de velocidade. Equipados de série com um motor de 2996 cc e 6 cilindros em linha - inclinado a 45 graus para a esquerda para "caber" no respectivo compartimento  - produzindo cerca de 220 cavalos de potência que se transmitiam a uma caixa de quatro velocidades, os 300 SL não davam quaisquer hipóteses à concorrência em termos de desempenho e fiabilidade.
A imagem refere-se ao Circuito de Vila do Conde de 1960, disputado a 27 de Julho. Nada menos que quatro 300 SL foram inscritos para António Barros (vencedor), Horácio Macedo, Basílio dos Santos e Duarte Ferreira. No momento da partida é Horácio Macedo quem vai na frente, com Barros e Basílio na perseguição, vendo-se ainda o Jaguar XK 150 S de Maurício Macedo a espreitar uma luta que não era a sua.
António Barros, que era baixinho e "pesadote", levava desvantagem nas partidas tipo Le Mans, como se comprova pelo facto de ainda nem sequer ter tido tempo para fechar a porta do carro mais claro. Mas uma vez em andamento, o seu talento natural vinha ao de cima e dificilmente se deixava bater.
À noite, na distribuição de prémios, o Presidente do Município anunciou que a parte do circuito que ainda não estava asfaltada iria em breve sofrer obras de beneficiação. Era o fim do temível "empedrado"que tantos problemas causava aos automobilistas.

Foto - colecção José Cabral Menezes
Bibliografia - http://teammini.blogspot.pt/, de José Mota Freitas
                    - Biblioteca José Régio, Vila do Conde



Manuel Carlos Agrellos

Para o Circuito de Vila Real de 1936, categoria Sport, apresentam-se à partida dezoito automóveis, entre os quais três Ford V8-54 para Jorge Melo e Faro (Conde de Monte Real), Manuel Carlos Agrellos e Emílio Hidalgo. Um quarto Ford V8-18 era tripulado por Adolfo Ferreirinha, que seria o vencedor da corrida.
Os três Ford V8-54 viriam a abandonar acorrida por avarias diversas, mas Manuel Carlos Agrellos ainda teria tempo para bater o record da volta mais rápida ao volante de um carro praticamente de série, com uma média de 91, 075 km/h. O anterior record pertencia ao Bugatti 35B de António Guedes de Herédia, que registou 90, 962 km/h no circuito de 1934. Porém, a maior parte da pista estava já asfaltada em 1936, o que não acontecia ainda em 1934, o que pode explicar a diferença nas velocidades conseguidas. 

Fotos - arquivo do ACP
Bibliografia - Circuito de Vila Real, 1931 - 1973, de Carlos Guerra

 O Ford V8 de Manuel Carlos Agrellos a caminho do record da prova … e do abandono.

 Manuel de Oliveira, o mais antigo realizador de cinema ainda em actividade, levou o seu BMW 315 ao segundo lugar absoluto.