Alfa Romeo 8C 2300 Monza de Almeida Araújo

José Almeida Araújo tripulou no Grande Prémio do Rio de Janeiro de 1937, também conhecido por Circuito da Gávea, um Alfa Romeo 8C 2300 Monza que pertencera anteriormente ao piloto português   Manuel José Soares Mendes, o qual por sua vez o tinha adquirido em França ao grande campeão Jean Pierre Wimille. 
Produzido em 1931, o Alfa Romeo 8C Monza de José Almeida Araújo era já um carro  gasto e cansado quando participou no Circuito da Gávea de 1937. Apesar disso terminou a prova num honroso décimo lugar.
Reparem no "empedrado" do piso e nos carris dos eléctricos que se encontravam na zona da meta. Como se isto não bastasse a chuva caiu com grande intensidade durante a corrida.
Fotos - Arquivo da família Almeida Araújo e Centro de Documentação do ACP



O Alfa Romeo 8C 2300 Monza, adquirido em 1935, pelo piloto português Manuel José Soares Mendes - a par do fabuloso e mais potente Alfa Romeo de Vasco Sameiro - foi um dos mais extraordinários Alfa Romeo, históricos, que passaram pelo nosso Portugal.
Embora, desde logo, Soares Mendes tenha demonstrado que a " afinação " que tinha para aquele " fado" , era afinal, para outro tipo de guitarra, a do " fado de Coimbra"...Ao ponto, de solicitar ao grande Vasco Sameiro para que o pudesse " testar " - como refere o autor José Barros Rodrigues - Atestando a Soares Mendes, que as vibrações em andamento, das quais se queixava, afinal, seriam normais.
Apesar de " algo cansado " , quando da sua compra, o Alfa Romeo não terá sido pilotado ao máximo das suas capacidades pelo seu 1o proprietário no nosso país. Nos vários circuitos e rampa em que participou, obtendo classificações aquém do potencial da sua macchina milanesa.
Acabando por vender ao piloto Almeida Araújo.
Lindas imagens de um belíssimo Alfa Romeo 8C 2300 Monza. Um dos modelos de competição de maior sucesso da marca lombarda, fundada por Ugo Stella em 24 de Junho de 1910.
À sua época seriam imbatíveis, nas provas de estrada e nas pistas das principais provas mundiais. Desde a pista de Monza - onde pela 1a vez ganhou e por esse facto, ganhou a alcunha homónima - à de Brooklands, na Inglaterra, aos principais circuitos dos anos 30, até claro está, ao Circuito da Gavea - alcunhado de " Trampolim do Diabo " , no Rio de Janeiro ! Pela exigência na condução, dadas as suas características de percurso e tipos diferentes de piso - a par da chuva intensa, como ocorreu neste ano de 1937 - onde este modelo da Alfa Romeo tem larga tradição, pela contínua participação desde o seu início, com pilotos forasteiros, e mais tarde locais - como o Benedicto Lopes .
Algo semelhante ocorre neste ano de 1937, com a venda - logo após a sua participação - deste fantástico Alfa Romeo 8C 2300 Monza " português " com pergaminhos nas competições ao longo da sua história, a um piloto brasileiro, por parte do piloto Almeida Araújo, o seu último proprietário luso.
Todavia, marcado para sempre, pela sua passagem pelo nosso país, graças à ousadia na sua compra e persistência do volante nacional : Manuel Soares Mendes ! 
Ele e Almeida Araújo, sem dúvida, são dois dos nossos " Heróis do volante " merecedores de menção neste Blog.
Viva a Alfa Romeo.
Marco Pestana

Foto - Soares Mendes em Vila Real 1936 (Centro de documentação do ACP)

Uma Moto no Rallye Internacional do Estoril

Nem só automóveis disputaram o Rallye Internacional de Lisboa (Estoril) de 1952, como a imagem documenta. De facto, o senhor Otto Kurt Benz e sua mulher (presume-se) montaram na sua moto Adler MB 250S com side car e enfrentaram a longa viagem que os traria de Frankfurt até ao Estoril. Não se classificaram, mas completaram o percurso que, a avaliar pelo sorriso de ambos, deve ter sido mais turístico que desportivo.
 A Adler é uma marca alemã que começou por produzir automóveis, alguns dos quais de inegável qualidade, que conquistaram sucessos em várias provas desportivas entre a primeira e a segunda Guerra Mundial. As suas instalações foram praticamente destruídas por bombardeamentos aliados durante o conflito, pelo que a produção automóvel cessou e não foi retomada. Em vez disso a marca começou a produzir motos a partir de 1948, sendo a MB 250 o seu modelo mais bem sucedido e respeitado, uma vez que apresentava soluções técnicas bem avançadas para a época. A marca viria a fundir-se com a Triumph e acabou por perder a sua identidade. Os desenhos das motos Adler foram confiscados pelos ingleses no âmbito das compensações pós-guerra e entregues ao fabricante BSA.
Foto - Centro de Documentação do ACP


Boavista 1951

Junho de 1951. O Allard J2 de D. Fernando Mascarenhas (nº8) vai perder mais uma volta para o Ferrari 340 America Berlinetta Vignale de Casimiro de Oliveira (nº 14), o futuro vencedor do II Circuito Internacional do Porto, I Grande Prémio de Portugal, cujas 45 voltas percorreu em mais de 2 horas e 46 minutos. Atente-se na irregularidade do pavimento e na abundância de árvores a ladear a pista. Eram verdadeiros Heróis os pilotos desta época.


VI Rallye Internacional de Lisboa (Estoril) 1952

Joaquim Filipe Nogueira foi o vencedor do VI Rallye Internacional de Lisboa, prova organizada pelo ACP e que contava com o patrocínio dos jornais "Diário de Notícias" e "O Século". A prova seguia o mesmo modelo do Rallye de Monte Carlo, com os concorrentes a partirem de várias cidades europeias convergindo depois para o Estoril, onde tudo se decidia. 
A edição de 1952 seria a primeira a privilegiar a classificação por categorias sem contudo abandonar a designação de um "vencedor absoluto". Tal facto terá atraído um bom lote de carros de baixa cilindrada tais como os recentemente aparecidos Porsche 356, um modelo que viria a dominar claramente os acontecimentos oferecendo à marca uma das suas primeiras grandes vitórias internacionais.
Foto - Centro de Documentação do ACP
Bibliografia -  Gonga World de Gonçalo Macedo e Cunha






Vasco Sameiro e Almeida Araújo no V Circuito da Gávea

A 6 de Junho de 1937 disputou-se no Rio de Janeiro, Brasil o V Circuito da Gávea, prova que contou com a presença do Presidente Getúlio Vargas e atraiu mais de 300 mil espectadores. Os portugueses Vasco Sameiro e José Almeida Araújo encontravam-se entre os vinte e sete concorrentes, tendo ambos terminado a corrida, Sameiro em 4º lugar e Araújo em 10º. Hans Stuck, em Auto Union, era o grande favorito, mas seria o Alfa Romeo de Carlos Pintacuda a cortar a meta em primeiro lugar.


Partida para o V Circuito da Gávea. Na frente estão o Auto Union de Hans Stuck (nº4) e os Alfa Romeo de Antonio Brivio, Carlos Pintacuda (futuro vencedor) e Carlo Arzani. Na segunda fila está o Alfa Romeo de Vasco Sameiro, com o nº 38 (segundo a contar da esquerda).


Vasco Sameiro (nº 38) prepara-se para ultrapassar um concorrente atrasado na parte do percurso que é hoje a avenida Niemeyer.

Mais duas belas fotos históricas, testemunhando a presença dos heróis do volante lusos, uma vez mais, por terras de Vera Cruz, e de Alfa Romeo...
Desta participação - e tentando colocar a minha assolapada paixão alfistade parte - desde logo destaco a fabulosa classificação do nosso piloto Vasco SAMEIRO, provando uma vez mais o grande piloto que era, e nesra prova em concreto, com maior destaque ainda, dadas as condições péssimas de tempo, que " à força de braços " mantinham as suas máquinas incólumes...
Mas também pelo facto do seu Alfa Romeo 8C segundo consta já com motor 2600, era nesta época , já uma máquina de 2a linha, em relação aos Alfa Romeo da Scuderia Ferrari, em especial o mais actual em prova, o Alfa Romeo 8C-36 apresentado pelo piloto Brivio. 
Mesmo o Alfa Romeo de Pintacuda, era a versão anterior ao de Brivio, o Alfa Romeo 8C-35, que seria o vencedor, muito provavelmente, dadas as condições de tempo, pelo seu maior conhecimento e experiência nesta prova rainha brasileira. 
A classificação de Vasco Sameiro foi excepcional face ao Alfa Romeo que dispunha, para enfrentar a armada da Scuderia Ferrari e o Argentino Pintacuda...
O Alfa Romeo 8C 2300 Monza de Almeida Araújo, era da 1a geração destas belas macchina vindas da Lombardia, mas em 1937, não tinha argumentos para ficar melhor classificado. Mesmo o Alfa Romeo de Sameiro era semelhante, mas dispunha de motor mais potente, visto ser um ex-Scuderia Ferrari...
Pelo tempo chuvoso, julgo que os mais potentes à partida, e pelas más condições de aderência, perderam desde logo essa vantagem teórica, pois o problema maior, seria precisamente colocar esses mesmo cv na estrada...
Mas, são de uma beleza indiscutível, sempre, estes Alfa Romeo desta fabulosa época !
E com grande tradição no Circuito da Gavea, pois desde o início dos anos 30, vários pilotos competiram desde logo com os Alfa Romeo 8C 2300 Monza. Destaco desde logo, a sempre enigmática piloto francesa Helle-Nice, com o seu Alfa Romeo azul, com um qual foi protagonista de um dos maiores acidentes ocorridos no Circuito da Gavea...
Mais tarde vendido a um jovem piloto brasileiro, que procede ao seu restauro, e anos mais tarde com ele corre em Portugal…

Marco Pestana

III Grande Prémio do Rio de Janeiro

2 de Junho de 1935. Segundo a revista carioca "O Cruzeiro" mais de 500 mil pessoas juntaram-se à volta do chamado "circuito da Gávea", um traçado de 11,2 quilómetros desenhado entre "penedias e abismos", para assistirem à grande corrida. A colónia portuguesa apresentou-se em força, mobilizando ranchos folclóricos, bandas de música e toda uma panóplia de dísticos e bandeiras para apoiar os três corredores nacionais que se apresentavam à partida. Henrique Lehrfeld e José Almeida Araújo trouxeram de Portugal os respectivos Bugattis, enquanto que Nunes dos Santos se inscreveu com um Adler.
Os portugueses assustavam a concorrência, como o comprova o facto de os seus carros terem sido sabotados na véspera do Grande Prémio. O Bugatti de Lehrfeld teve os cabos das velas cortados e o depósito de gasolina do carro de Almeida Araújo foi atestado com … água. O Adler de Nunes dos Santos sofreu apenas a destruição de uma vela e respectivo assento. Não obstante, os  nossos compatriotas acabariam por conseguir um resultado brilhante no final da corrida. Dos 44 concorrentes à partida apenas seis chegaram ao final da prova, entre eles os três valentes lusitanos. Lehrfeld foi segundo, Araújo foi terceiro e Nunes dos Santos chegou em sexto. O argentino Caru seria o vencedor.
Henrique Lehrfeld recebeu 20 contos e uma medalha de prata pelo seu resultado. Almeida Araújo teve de se contentar com apenas 10 contos e uma medalha.

Com agradecimentos a Gonçalo Almeida Araújo

Em baixo, José Almeida Araújo antes da partida e ao cortar a meta no final do III Grande Prémio do Rio de Janeiro.




                                             Henrique Lehrfeld e o seu Bugatti Grand Prix

Vencedores em Mónaco

O Mercedes 300 SL de Fernando Duarte Ferreira / José Manuel Simões durante a edição de 1959 do Rallye de Monte Carlo em que viriam a conquistar a vitória na complementar disputada no circuito de Mónaco. Tal como refere Carlos Duarte Ferreira no post anterior, seria a princesa Grace a entregar o troféu aos vencedores.
A foto é de Luis Sousa


Preparativos para Monte Carlo

De 19 a 23 de Janeiro de 1960 disputou-se a 29ª edição do Rallye de Monte Carlo, prova que viria a contar com a participação de algumas equipas portuguesas que escolheram Lisboa como ponto de partida. Entre elas contava-se a dupla formada por Fernando Duarte Ferreira / João Botequilha (embora seja Horácio Macedo quem ocupa o lugar do "pendura"), que tripulava o Mercedes Benz 300 SL com o nº 161 que aqui vemos a ser preparado nas oficinas de Palma & Morgado e a receber a bandeirada de partida na Rua Rosa Araújo, Lisboa, em frente à sede do ACP. 
Segundo Carlos Duarte Ferreira, o Mercedes azul metalizado dos portugueses terá vencido a complementar disputada no circuito de Mónaco em 1959, tendo seu primo Fernando recebido o troféu respectivo das mãos da princesa Grace.
Fotos - Centro de Documentação do ACP




Carlos Pinto Coelho

Na década de 50 abundava no meio automobilístico europeu um tipo de concorrente cujo objectivo principal tinha mais a ver com uma certa ideia de aventura do que propriamente com a obtenção de resultados. Os ingleses davam a estes desportistas o nome de "gentleman drivers", conceito que atravessou mais que uma geração de automobilistas e que emprestou à competição automóvel de então toda uma aura de aristocrático romantismo.
Carlos Pinto Coelho era uma destas figuras. Em 1953 participou no Rallye Internacional de Lisboa (Estoril) ao volante de um Lancia Aurelia, não tendo terminado a prova. Nesse mesmo ano concluiu o Rallye de Monte Carlo em 263º lugar, conduzindo um outro Lancia que partilhou com Lencastre de Freitas. No ano anterior, 1952, partiu de Lisboa ao volante de um Riley mas não conseguiu chegar ao principado.
Agradeço a colaboração de Duarte Pinto Coelho e Angelo Pinto da Fonseca


Lancia Aurelia vs Ferrari 225S

A imagem é referente ao III Circuito do Porto disputado em 1952 e mostra o Lancia Aurelia B20 de Salvatore Ammendola a defender-se dos ataques do Ferrari 225S de D. Fernando Mascarenhas. O Lancia chegaria ao final em 9º lugar, com seis voltas de atraso sobre o Ferrari 225S do vencedor, Eugenio Castellotti, enquanto que D. Fernando Mascarenhas viria a abandonar a corrida por avaria.
Com um motor que debitava apenas 110 cavalos de potência o Lancia Aurelia B20 seria uma presa fácil para os mais de 200 cv do Ferrari 225S, mas a fiabilidade do carro italiano permitiu-lhe chegar ao fim da  prova sem problemas de maior. Note-se em fundo o "placard" com a identificação em tempo real dos quatro primeiros classificados. Castellotti (nº29) já estava no comando.


Monte Carlo 1931

Francisco Ribeiro Ferreira e Bernardo Vilela junto do MG Midget com o número 20 que levaram até ao 14º lugar da classificação geral no X Rallye de Monte Carlo disputado em 1931. Tendo partido de Lisboa, a equipa portuguesa acumulou um total de 2,178 quilómetros entre percurso de ligação e provas complementares. Numa delas, a Rampa Mont des Moles, o pequeno MG de Ribeiro Ferreira / Vilela viria a conquistar um brilhante quarto lugar absoluto.
Foto - Centro de Documentação do ACP