O Record

Às 3 horas da madrugada do dia 19 de março de 1930 uma equipa formada pelos destemidos automobilistas engº  Palma de Vilhena, José Ventura Franco e Constantino Mouton Osório partiu de Lisboa num automóvel "La Licorne"  de 5 cv em direcção ao Porto. O objectivo era fazer a viagem de ida e volta em menos de um dia e estabelecer assim um record para os 750 km do percurso. Ventura Franco e Palma de Vilhena repartiram entre si a condução enquanto que Mouton Osório, um conhecido motociclista, era apenas passageiro. O La Licorne passou pela primeira vez no controle de Coimbra às 8:20 horas e chegou ao Porto às 11.30. Para a viagem de regresso a equipa partiu da Invicta às 13:35, controlou em Coimbra às 15:24 e chegou a Lisboa às 21:30, tendo cumprido a ligação em exatamente 15 horas e 54 minutos, o que dá uma média horária de cerca de 45 km/h.
O "La Licorne" montou pneus Englebert 12x45 já com 12 mil quilómetros de uso mas não teve qualquer furo ou necessidade de trocar rodas. O motor consumiu apenas 2,5 litros de óleo Castrol.
Bibliografia - jornal O Volante", Biblioteca Nacional.


Tentativa Falhada no Parque

Em 1934 disputou-se o I Circuito do Parque Eduardo VII, prova organizada pelo Governo Civil de Lisboa em colaboração com o ACP que compreendia duas jornadas, uma disputada a 3 de Junho e outra um mês depois. A primeira jornada incluiu um corrida de motos e duas corridas de automóveis: uma de "baixas cilindradas" e outra de "grandes cilindradas". No final do programa Henrique Lehrfeld apresentou-se em pista com o seu Bugatti de corrida para uma tentar bater o record da volta mais rápida ao circuito. Mas as coisas não correram bem desta vez ao consagrado piloto lisboeta: logo na primeira volta o carro galgou o passeio, derrubou três árvores, voltou uma maca do serviço de socorros e em consequência Lehrfeld teve de receber tratamento no hospital. A fotografia gentilmente cedida pela família contém a legenda "Ai! Ai! a maca" como que a lembrar o que aconteceu naquela tarde de Julho.
Bibliografia - Primeiro Arranque, de Vasco Callixto


Monte Carlo 1953

A equipa portuguesa formada por Alberto Graça / Filipe Nogueira, ao volante do Porsche 356 com o número 373, foi uma das que escolheram Lisboa para ponto de partida da edição XXV do Rallye de Monte Carlo disputada em 1953. Esta equipa ficaria na história por ter sido a única (até hoje) de nacionalidade portuguesa a vencer uma complementar desta grande clássica do automobilismo mundial ao conquistarem o primeiro lugar absoluto na Prova de Aceleração e Travagem. Apesar deste triunfo os portugueses não lograram melhor que o 49º lugar na classificação geral.
No vídeo que se junta é possível ver ao minuto 04.00 uma passagem do Porsche dos portugueses num percurso de montanha em condições meteorológicas verdadeiramente difíceis.


Veja AQUI o vídeo


Quilómetro Lançado do Mindelo 1930

A recta do Mindelo tinha um par de quilómetros de extensão e fazia parte da estrada que ainda hoje liga Vila do Conde ao Porto. Dotada de um piso de asfalto em excelentes condições rapidamente se tornou na "pista" mais rápida de Portugal permitindo que em 1930 os automóveis de corrida atingissem velocidades da ordem dos 200 km/hora, coisa até então nunca vista no nosso país. Foi o caso da prova chamada "Quilómetro Lançado do Mindelo" disputada em Novembro de 1930 e que atraiu nada menos que 32 concorrentes, 26 em "Sport "e 6 em "Corrida". Henrique Lehrfeld, em Bugatti, (na foto) viria a ser o grande vencedor à média de 194,122 km/hora, com Vasco Sameiro (Alfa Romeo) em segundo e Eduardo Ferreirinha (Ford) em terceiro, isto na categoria "Corrida". Em "Sport" o primeiro lugar foi para Roberto Sameiro (Alfa Romeo) à média de 133,704 km/hora.
Note-se que Henrique Lehrfeld tinha vencido dois meses antes o II Quilómetro Lançado das Caldas mas na altura não conseguiu ir além dos 178,120 Km/hora de média, uma velocidade substancialmente inferior aquela atingida no Mindelo.
Bibliografia - Primeiro Arranque, de Vasco Callixto


Fiat 1100 TV e Volkswagen

Mais duas provas de rallye em que João Castello Branco participou com carros completamente diferentes, a saber: o Troféu Turístico Shell de 1956 que disputou ao volante do Fiat 1100 TV aqui visto na Rampa da Pena e a VIII Volta a Portugal em que partilhou um Volkswagen com Salvador Pimentel. Nesta última prova é de salientar o facto de ter sido obrigatório o uso de capacete, uma das primeiras vezes em que tal aconteceu.
Estas provas marcam o final da carreira automobilística de João Castello Branco que ao virar a página dos 40 anos de idade resolveu dar um novo rumo à sua vida. Apesar de ter começado tarde (aos 33 anos de idade) ainda foi a tempo de deixar uma marca importante na história do automobilismo em Portugal.
Com agradecimentos a seu filho João Castello Branco por nos ter facultado um notável e bem organizado espólio que ao longo de alguns meses tivemos o privilégio de dar a conhecer neste espaço. Bem haja.



Maria La Caze de Noronha

De 20 a 25 de Junho de 1933 disputou-se a II Grande Prova de Resistência a que mais tarde se haveria de chamar II Volta a Portugal. Consistia num percurso de 1,800 quilómetros dividido em seis etapas e quatro provas complementares, uma verdadeira maratona que levaria os dezasseis concorrentes a percorrer o país através de estradas de qualidade no mínimo duvidosa. Entre estes contava-se uma senhora, Maria La Caze de Noronha, que tripulava um "Amilcar" e consegui alguns resultados dignos de nota. Não só terminou a Volta em sexto lugar da geral como acabou por vencer a quarta complementar disputada em Tomar, tendo ganho também a Taça de Senhoras. João Gelweiller, em Terraplane, foi o vencedor absoluto.
Bibliografia - Primeiro Arranque, de Vasco Callixto


Fórmula de Combustível

Em Junho de 1935 disputou-se no Circuito da Gávea o III Grande Prémio do Rio de Janeiro, prova que segundo os jornais da época terá sido presenciada por meio milhão de espetadores. Estiveram presentes três pilotos portugueses: Henrique Lehrfeld e Almeida Araújo em Bugatti T37A e Nunes dos Santos em Adler. Poucos dias antes da corrida Henrique Lehrfeld recebeu do piloto brasileiro Manuel de Tefflé a fórmula do combustível que este iria utilizar no seu Alfa Romeo. Os portugueses terminaram a corrida no segundo (Lehrfeld) e terceiro (Araújo) lugares ao fim de quatro horas de prova.



Licenças

Henrique Lehrfeld nasceu em S. Bento, Lisboa, no dia 7 de Junho de 1897 tendo falecido a 16 de Agosto de 1965 depois de ter construindo uma brilhante carreira automobilística em Portugal e no estrangeiro. Notabilizou-se ao volante de vários Bugattis, marca que preferia a qualquer outra. Um dos seus carros permanece em Portugal na coleção do Museu do Caramulo. Aqui se revelam as suas licenças desportivas destinadas a uso internacional. Mais tarde iremos divulgar mais documentos e imagens gentilmente cedidos pela sua família para publicação neste espaço.