Guilherme Patrone


Guilherme Patrone, atleta Olímpico e vítima da sua paixão

Guilherme José Patrone de Carvalho Duarte nasceu na Arrentela, perto do Seixal, a 11 de Junho de 1929. Era um nadador de eleição e representou Portugal nos Jogos Olímpicos de Helsínquia em 1952 na Natação, competindo nos 100 metros livres. Nessas olimpíadas disputou a sétima das oitos mangas de apuramento e não foi muito feliz, já que ficou em sexto lugar dessa manga com um tempo de um minuto, três segundos e sete décimas. O vencedor da manga foi o Britânico Jack Wardrop, com cinquenta e oito segundos e nove décimas. Coleccionou muitos títulos Nacionais 

Infelizmente a sua paixão pelo Desporto em geral e pelos automóveis acabou por lhe ser fatal. Participou na 9ª Volta a Portugal em Automóvel, disputada nos primeiros dias de Fevereiro de 1958, acompanhando o Engº Júlio Bandeira Bastos no Mercedes 300 SL Roadster cinza prata que este último tinha adquirido recentemente. Eram uma das equipas inscritas pelo Clube de Futebol “Os Belenenses” e tinham o número 8 nas portas do recém-estreado 300 SL Roadster (foi o segundo carro deste tipo a ser vendido em Portugal, entregue a Bandeira Bastos em Dezembro de 1957). 

Próximo de Odemira, a cerca de dois quilómetros da localidade Alentejana, e provavelmente porque a estrada se encontrava molhada, o carro alemão entrou em derrapagem e precipitou-se por uma ribanceira com mais de cinquenta metros de altura. Tanto Bandeira Bastos (que seguia ao volante) como Guilherme Patrone foram prontamente socorridos pelos concorrentes que os seguiam na prova como por alguns populares. Foram transferidos para o Hospital da CUF em Lisboa, onde Guilherme Patrone chegou já sem vida e Bandeira Bastos em estado grave, situação da qual viria a recuperar posteriormente.

Texto e foto de José Francisco Correia



Este foi mais um acidente estúpido. Numa ligação , a equipa do 300SL  "apostou " com N. Pinto e Santos Silva, que o último a chegar ao controle pagava o jantar. Um carro fora de mão e a estrada molhada fizeram o 300SL derrapar e cair numa ribanceira . Guilherme Patrone era uma figura de prestigio e o seu desaparecimento causou mal estar na Volta e nos desportistas .
O Eng Bandeira Bastos era um condutor com experiência. No ano anterior ao do acidente na Volta, tinha-se classificado em 3º da geral e primeiro da classe no Thunderbird
amarelo. Depois do acidente, quer por motivos pessoais quer por motivos fisicos, largou o desporto automóvel.
O 300SL  foi recuperado, repintado em vermelho, e foi mais tarde o último SL que Antonio Barros usou em rali .

Luis 

Estevão de Oliveira Fernandes

Em 1910 disputou-se a Rampa da Pimenteira, prova que viria a ser ganha pelo conceituado "sportsman" Estevão de Oliveira Fernandes, ao volante de um automóvel de corrida marca Richard-Brasier. Um dos seus companheiros nesta aventura seria Charles Bleck, pai do famoso aviador Carlos Bleck, o qual seria o destinatário da curiosa dedicatória escrita no canto inferior direito da fotografia:
"Não te arrependas de ter vindo a Évora. Teu amigo Estevão Fernandes"

Leiam-se agora estes excertos de um texto publicado no jornal Os Sports Illustrados de Junho de 1910:
«Fala Estêvão Fernandes. Doente, venceu e bem. Os Braziers vitoriosos. Um redactor de Os Sports illustrados entrevista o herói da corrida de rampa» "É que o valoroso automobilista, o conhecido Estêvão Fernandes, de Évora, recordman, touriste dos mais ilustres, tenha sofrido há poucos dias um desastre, que quase o deixou num feixe, foi para a corrida com os braços ainda ligados, as costelas, parece-nos que metidas entre talas. (…) Há oito anos que faço automobilismo e julgo poder dizer, sem receio, que sou, talvez, o automobilista português que maior número de quilómetros tenha percorrido. (…) Para prova da sua resistência, basta dizer que o ano passado subi a meia encosta da serra da Arrábida, pelo lado de Azeitão, por onde quase só caminham as cabras."
In «Os Sports Illustrados», Ano I – N.º 6 de 16 de Julho de 1910, p.3.

Bibliografia - Centro de Documentação do Automóvel Clube de Portugal


 Os automóveis Richard-Brasier eram tudo menos desconhecidos no início do século XX, tendo um deles sido vencedor da edição de 1904 da prestigiada Gordon Bennett Race, pelas mãos de Léon Théry.

Monsanto 1953

Grande Prémio do Jubileu do Automóvel Clube de Portugal, Monsanto 1953. Nos momentos que antecedem a partida alguns dos principais protagonistas aguardam o "briefing" do director da corrida. Pilotos como Stirling Moss, Conde de Monte Real, D. Fernando Mascarenhas e José Nogueira Pinto são facilmente reconhecíveis. E os outros?





Ao lado do Conde da Covilhã, P Taruffi. Depois dos identificados temos J Seixas, Casimiro de Oliveira
Meyer,P Whitehead, M Valentim, Maeyers, C Loyer, George Grignard e Line.
O Bonetto devia estar a fumar charuto com o Hamilton noutro lugar.

Luis
Era mais o cachimbo, Luis. Às vezes o Bonetto até  durante as provas "fumegava"

Circuito da Boavista 1953

Partida para a Taça Cidade do Porto, corrida incluída no programa do Circuito da Boavista de 1953 para automóveis com motor até 1100cc, prova em que os carros "Made in Portugal" estiveram em claro destaque. Com o nº 3 está Fernando Palhinhas, em FAP, ladeado pelo nº 1 e futuro vencedor Corte Real Pereira, em Alba, e pelo nº 4, Abílio Barros, também em FAP. Logo atrás, nº12, está Matos Gil, em PE, e Duarte Lopes (nº8) em DM. A categoria até 750 cc seria ganha por José Emídio da Silva, em DB Panhard (nº 19), o carro mais escuro que se vê na quarta fila da grelha e que terminaria em quarto lugar da classificação geral.

Fotografia de António Meneres
Colaboração de Ângelo Pinto da Fonsaca


Por mera curiosidade, e como complemento ao texto, temos que o FAP de Fernando Palhinhas era o RO-10-34 (feito com base num chassis Fiat #508C209158, o Alba de Corte Real Pereira era o OT-10-54 (que é o chassis ALBA #0001), o FAP de Abílio Barros era o IB-10-61 (feito com base num chassis Fiat), o PE de Matos Gil era o MP-14-00 (julgo que feito com base num chassis Panhard, sem a certeza absoluta…) e o DB Panhard de José Emídio da Silva é aquele que o José Correia Guedes já falou noutro post, o IE-17-74, chassis #768.

José Correia

Allard J2 #1694

Visto aqui estacionado numa rua de Lisboa, o Allard J2 matrícula OT-12-45 pertenceu durante pouco mais de um ano a D. Fernando Mascarenhas, que com ele disputou o Grande Prémio de Monaco de 1952. Apesar das cabeças Ardun instaladas no motor V8 por Manuel Palma, o carro revelou-se pouco competitivo e o Marquês de Fronteira não faria melhor que o 17º tempo nos treinos, tendo depois abandonado a corrida devido a uma fuga no depósito de gasolina. O facto de os três primeiros classificados nesta prova - Marzotto, Castelotti e Stagnolli - tripularem automóveis Ferrari 225S terá sido decisivo para que pouco depois o Marquês de Fronteira viesse a substituir o Allard por  um destes carros.

Bibliografia - D. Fernando Mascarenhas, Um Fidalgo dos Circuitos. Jornal do Clássicos nº3, por Carlos Guerra



O Ferrari de Ralph Lauren

Circuito da Boavista 1960. O Ferrari 250GT SWB de Jorge Moura Pinheiro, chassis # 2035GT, chegou a Portugal pouco antes da corrida de GT de que sairia justo vencedor, pondo assim termo à supremacia até então demonstrada pelos Mercedes 300SL. Décadas mais tarde viria a ser adquirido por Ralph Lauren, a cuja colecção agora pertence.

Foto - colecção José Cabral Menezes