Tour d´Europe 1956

De 1 a 13 de Junho de 1956 tem lugar a primeira edição do Tour d´Europe, uma prova de longa duração realizada numa Europa ainda em ruínas mas que pretende dar uma ideia de união ao resto do mundo. Konrad Adenauer, o chanceler alemão , encabeça a lista de patrocinadores e apoiantes, o que diz bem da importância do evento.
São treze dias intensos que levam os participantes a atravessar treze países num circuito que começa em Hannover, seguindo depois por Bruxelas, Bonn, Luxemburgo, Reims, Lisboa, Madrid, Monte Carlo, Roma, Trieste, Atenas, Istambul, Belgrado, Viena e novamente Hannover.
Apenas uma equipa portuguesa participou nesta grande maratona: Fernando Stock / Harry Rugeroni, que tripulavam o Mercedes 300 SL com o nº 101. Os vencedores seriam Joachim Springer / Erwin von Regius, em Ford 15M
Fotografias - Duarte Stock



Fernando Stock foi um verdadeiro Gentleman Driver e Harry Rugeronni uma pessoa de carácter muito especial. Pelas fotos o DC-24-08 foi outro 300SL que o dono foi buscar à fábrica.

Luis

Almeida Araújo

Últimas imagens da série dedicada a José Almeida Araújo e à sua participação nos Grandes Prémios do Rio de Janeiro de 1935 e 1937.
Como era norma na altura, o Alfa Romeo 8C Monza ostentava orgulhosamente as cores portuguesas, vermelho em cima e uma faixa branca em baixo. Repare-se também no emblema do Automóvel Clube de Portugal gravado no fato de competição do piloto português.



Vitória em Monsanto

A 24 de Julho de 1955 disputou-se no circuito de Monsanto perante largos milhares de pessoas a Taça Cidade de Lisboa, prova integrada no III Circuito Internacional de Lisboa. Apesar da trajectória pouco "ortodoxa" revelada na abordagem desta curva, o Mercedes Benz 300SL de D. Fernando Mascarenhas viria cortar a meta em primeiro lugar, à frente de Fernando Stock e Mário Rodrigues, que tripulavam carros idênticos.
Mais de cinquenta anos depois o artista Ricardo Assis Cordeiro passou para a tela a batalha "fratricida" vivida pelos pilotos dos Mercedes 300 SL nas colinas de Monsanto.

Os Mercedes Benz de D. Fernando Mascarenhas e Mário Rodrigues no circuito de Monsanto de 1955. Aguarela de Ricardo Assis Cordeiro. Saiba mais aqui .


Boa foto de D Fernando Mascarenhas a preparar nova curva, agora para a direita. A roda traseira vai perto do limite, um pouco mais e começava o camber positivo, ou seja, o calcanhar de Aquiles do Gull Wing, isto para não falar dos travões. Dois anos depois, nesta mesma curva, Araujo Cabral ao  querer ultrapassar J M Simoes partia a caixa de velocidades, outro ponto frágil do carro quando se usava com força. J Manuel Simoes, ao querer segurar A Cabral , foi vitima do eixo traseiro e roçou os fardos de palha. 
Em 1957 a luta dos 300SL foi tão renhida que baixaram os tempos de D Fernando em 3 segundos por volta mas em 1959 os tempos de António Barros foram idênticos aos do Marquês em 55.
Luis

De "pernas para o ar"

Curiosa forma de John Cooper celebrar a vitória de Jack Brabham em Cooper-Climax no Grande Prémio de Portugal de 1960 disputado no Circuito da Boavista, no Porto. O português "Nicha" Cabral também participou nesta corrida mas acabou por abandonar devido a acidente.
Colaboração de Luis Sousa



                                         Jack Brabham, em Cooper-Climax, a caminho da vitória.

Alfa contra Alfa

Durante o Grande Prémio do Rio de Janeiro de 1937 o Alfa Romeo 8C 2300 Monza de José Almeida Araújo (na frente) revelou-se uma presa relativamente fácil para os mais modernos e potentes Alfas 35C (a seguir) equipados com o motor oito cilindros de 3,800 cc que debitavam uns impressionantes 330 cavalos de potência às 5,500 rpm.
Esta imagem foi obtida naquela que é hoje a Avenida Niemeyer, perto do acesso à "Favela do Vidigal", que então ainda não existia. Repare-se no impressionante número de espectadores espalhados sem qualquer segurança pelos mais de onze quilómetros do circuito.
Foto - Arquivo família Almeida Araújo


Outros Tempos

Tal era a importância que as corridas de automóveis tinham no Brasil dos anos 30 que os "corredores", como se dizia na altura, tinham direito a recepção especial pelo Chefe de Estado. A imagem mostra os concorrentes portugueses fotografados junto do Presidente Getúlio Vargas, o único de fato escuro, nas vésperas do Grande Prémio do Rio de Janeiro de 1936. Os portugueses Henrique Lehrfeld (à frente, segundo a contar da esquerda) e Almeida Araújo ("espreitando" por cima do ombro esquerdo do Presidente) tiveram pouca sorte nesta prova: o Bugatti T37 de Lehrfeld esteve envolvido num acidente durante a corrida e o carro idêntico de Almeida Araújo não chegou ao Rio a tempo de participar. Note-se também a presença da concorrente francesa Hellé Nice, entre Lehrfeld e Getúlio Vargas, que se apresentou no palácio presidencial totalmente equipada para correr. 
Semanas depois, durante uma corrida em S. Paulo, Hellé Nice viria a sofrer um acidente trágico ainda que algo caricato que a afastou definitivamente das provas de Grande Prémio. Quando seguia em segundo lugar já perto do final da corrida,  um fardo de palha foi projectado para a pista por outro concorrente e foi embater na frente do  Alfa Romeo Monza da francesa, provocando o seu despiste. Quatro pessoas morreram, entre elas um soldado que recebeu nos braços o corpo de Hellé Nice "cuspido" do carro pela violência do embate. Embora tenha sobrevivido ao acidente, devendo a vida ao infeliz soldado que lhe amorteceu a queda, esta mulher invulgar saída dos "loucos" anos 30 que marcaram a Europa e os Estados Unidos nunca mais seria a mesma. Abandonada e esquecida pela mesma sociedade que a idolatrou durante a sua juventude, viria a morrer na mais profunda miséria aos 84 anos de idade.
Getúlio Vargas também teria um final trágico: suicidou-se em 1951 com um tiro no coração quando decorria o seu segundo mandato como Presidente do Brasil.

Foto - arquivo da família Almeida Araújo.


                                                   Hellé Nice e o seu Monza numa prova disputada em 1935

Partida de Paris

Eram nada menos que treze os participantes no VI Rallye Internacional de Lisboa (Estoril) que escolheram a cidade de Paris como ponto de partida para esta prova. Ei-los na imagem, com os Porsche 356 de Max Nathan (nº 50) e Sauerein (nº 47) em primeiro plano, com o Citroen de Robert Labat logo a seguir. À chegada ao Estoril Max Nathan seria o melhor classificado deste grupo, mesmo assim registando apenas o 9º lugar da classificação geral. Joaquim Filipe Nogueira, em Porsche, seria o vencedor absoluto.
De Paris partiu igualmente o Porsche de Richard von Frankenberg,  jornalista e piloto oficial da marca que foi também o fundador e primeiro director da revista Christophorus. Foi ele quem pela primeira vez  divulgou a curiosa história da possível troca de carros por sardinhas de conserva que o governo português propôs a Ferry Porsche.