Circuito do Campo Grande

O Campo Grande, em Lisboa, foi durante alguns anos o palco mais importante das corridas de automóveis em Portugal quer para provas do tipo "quilómetro de arranque quer para competições de velocidade. As imagens documentam (à esquerda) Gaspar Sameiro, vencedor do Circuito de 1932 na categoria "Corrida" ao volante de um Ford "Miller" e a partida para a corrida de "Sport" no evento de 1933.

Fotos - DigitArq, Arquivo Digital da Torre do Tombo



Circuito da Conraria, Coimbra 1927

A 7 de setembro de 1927 disputou-se pela primeira vez uma corrida de automóveis na cidade de Coimbra, uma organização do Sport Club Conimbricense que decorreu num percurso traçado na zona da Conraria ao qual acorreram milhares de espectadores. Na imagem vê-se um dos concorrentes a passar junto ao monumento a Joaquim António de Aguiar perante uma multidão entusiasmada.
Os vencedores nas diversas categorias foram:
Categoria Turismo - Bernardo Gouveia, em Lancia
Categoria Sport 1500 cc - Eduardo Ferreirinha, em Turcat Mery
Categoria Sport 3000 cc - Vasco Sameiro, em Cottin & Desgouttes
O Lancia de Bernardo Gouveia viria a ser declarado vencedor absoluto, o que levou o piloto a declarar à Gazeta de Coimbra que "o Lancia venceu devido à sua melhor adaptação aos caminhos a que em Portugal se dá o nome de estradas". Estava tudo dito.

Foto - Arquivo Digital da Torre do Tombo
Bibliografia - Gazeta de Coimbra, 8 de setembro de 1927



João Rezende dos Santos

Após um interregno de mais de dez anos ditado pela II Grande Guerra, o Circuito de Vila Real regressou em 1949 tendo despertado o  maior entusiasmo. Por razões óbvias o material disponível para competir não era de primeira ordem mas apesar disso a prova foi um sucesso e permitiu abrir caminho para outras corridas, essas sim de primeira grandeza.
A imagem documenta o Simca 8 de João Rezende dos Santos, um pequeno carro familiar equipado com um motor de apenas 1089 cc que venceu a primeira corrida destinada às cilindradas mais baixas, cumprindo as vinte voltas do programa à respeitável média de 83,629 km/h. A segunda corrida foi ganha pelo Allard K1 de José Cabral, que viria a ser considerado o vencedor absoluto depois de ponderados os resultados de ambas as corridas. João Rezende dos Santos terminaria no quinto lugar da classificação agregada, um resultado verdadeiramente notável que aqui se regista
Foto - Centro de Documentação do ACP
Bibliografia - O Circuito de Vila Real 1931 - 1973, de Carlos Guerra


O Sol da Meia Noite, parte II

Segunda parte da reportagem do "Tour to the Midnight Sun 2015" a que se junta um bem elucidativo texto de Nellie Bishop sobre as condições extremas que por vezes os participantes nesta maratona tiveram que enfrentar.
Fotos de JRS e Nellie & Charlie Bishop

"Today, dear readers, I shall regale you with tales of derring-do, verve, panache and élan: all essential qualities in a light cavalryman (obviously distinct from infantry on horses otherwise known as dragoon guards). We set off from Fru Haugans hotel in Mosjoen in the pouring rain. This was wet rain. This was rain that could penetrate old fashioned waterproofs within minutes. It was like swimming in rain. Proper, big drop rain. Arctic rain. Leaden skies, sullen clouds. (I think they have it now – move on, ed). Anyway, your brave correspondent and navigator continued in their customary fashion to laugh in the face of adversity. We  travelled hood-less, generating much admiration as usual from our fellow rallyists, several of whom asked us to be godparents to their children and one invited us to speak at the United Nations. Ok I made that bit up, there weren’t several godparent requests: only one. Actually, there wasn’t much admiration, only a little scratching of heads in wonderment at the stupidity of otherwise sane and intelligent people subjecting themselves to such horrendous conditions. But this is where the cunning bit comes in: we have modern waterproofs and we stay as warm and dry as if we were in a fancy limousine." 











O Sol da Meia Noite, parte I

É preciso tempo, algum dinheiro e muita, muita coragem. Foi com todos estes requisitos reunidos que Milu e José Romão de Sousa partiram no seu Aston Martin DB2 de 1950 para o Tour to the Midnight Sun 2015, uma épica maratona rodoviária que levou os participantes a percorrerem mais de 5,000 quilómetros através das estradas por vezes geladas da Suécia e Noruega até "embaterem" no Cabo Norte, uma falésia com 300 metros de altura situada na ilha de Mageroya que muitos consideram ser o ponto mais a norte da Europa. Não é, mas é como se fosse. 
Com partida de Gotemburgo, Suécia, os concorrentes seguiram para norte, passaram bem acima do Círculo Polar Ártico, continuaram pela E69 até ao Cabo Norte e depois desceram em direção a Bergen. Muitos quilómetros de estradas solitárias, muitas travessias em ferry "saltitando" de ilha para ilha e, principalmente, um festival de paisagens de cortar a respiração.  Como se isso não bastasse entre 14 de maio e 31 de julho é possível contemplar "o sol da meia noite", uma experiência única que recomendo vivamente a quem nunca por tal passou.
Avarias no Aston? Nem pensar. Foi sempre a andar e até deu para baixar a capota nalgumas etapas.
A título de curiosidade junto a previsão meteo para hoje no Cabo Norte: céu encoberto, temperatura máxima 1 C (real feel -5 C), ventos de 42 km/h e possibilidade de aguaceiros. Uma delícia de verão.
Fotos de José Romão de Sousa e Nelli & Charlie Bishop, cujo blog Charlie and Nellie Rallye faz um completo e divertido relato desta aventura. A propósito, esta equipa fez todo o percurso (come rain or snow) com o seu AC Bristol em versão cabrio. Isso mesmo, sem capota.
(Continua)






João Castello Branco no Rallye de Monte Carlo 1951 - Parte II


Fotos 7/8/9/10 - Passagens  na  famosa Curva do Gazómetro
Foto 11 - Passagem na  curva  St. Devote com subida para Mirabeau 
Foto 12 - Descida para acesso à longa curva do Túnel. Este recorte de um jornal inglês legendava o meu Pai como spanish driver. Os "bifes" sempre fizeram por nos ignorar.
Na 2ª PC Velocidade/Regularidade e tanto quanto consegui apurar (sujeitos a correção): 4º tempo C. Monte Real, 13º tempo J.Duarte Ramos Jorge, 19º tempo Manuel Nunes dos Santos e 25º tempo João Castello Branco.
Foto 13 - Cocktail de homenagem na sede do ACP. Da esq/dir em pé: Manuel Nunes dos  Santos, Carlos Vinhas, Júlio Bastos, C.Monte Real, Manuel Palma, João Freitas Branco (Representante ACP ao  Rallye e bastante mais conhecido como musicólogo), José Duarte Ramos Jorge, João  Graça e João Castello Branco; em baixo Alberto Graça, Jaime Azarujinha, Abílio Lobo, Clemente Cardoso Pinto e José Carvalhosa.

Para a história ficaram as nossas classificações:

2º C.Monte Real/Manuel Palma/Fernando Mascarenhas em Ford
8º Manuel Nunes dos Santos/Júlio Bastos em BMW 340
14º José Duarte Ramos Jorge/Calçada Bastos em Hotchkiss 686
19º João Castello Branco/Clemente Cardoso Pinto/José Carvalhosa em Vanguard
96º Carlos Pinto Coelho/C.Santos em Riley 2.5
102º Alves Brito/M.Ferreira em Frazer
109º João Lacerda/Jaime Azarujinha em Citroen 15/6
119º João Graça/Alberto  Graça em Simca 8
165º Montes Leal/Silva Tavares em Morris
179º Manuel Marçal Mendonça/Luis Filipe Aguiar em Simca 8 Sport

Texto e fotos de João Castello Branco








João Castello Branco no Rallye de Monte Carlo 1951 - Parte I

Rallye de Monte Carlo 1951
Partiram 337 equipas (12 portuguesas a partir de Lisboa)
Para quem partiu de Lisboa a prova de estrada ligou a nossa capital a Reims e daqui, com passagem por Paris, até Monte Carlo (aprox 3000 Km)
Chegaram a Monte Carlo 281 equipas (10 portuguesas)
Na estrada ficaram:
Ferreira Oliveira/Santos Pinto em Lancia
Duarte Gonçalves/J.Arroyo Nogueira Pinto em Nash
Chegaram penalizados:
Montes Leal/Silva Tavares em Morris
Manuel Marçal Mendonça/Luis Filipe Aguiar em Simca 8 Sport
João Graça/Alberto Graça em Simca 8

Agora passo a identificar as fotos enviadas

Foto 1 - Partida de Lisboa do  Vanguard nº 320 com a equipa João CB, Clemente Cardoso Pinto e José Carvalhosa -  Como o  meu Pai dizia, preparadíssimos, com farois de nevoeiro e pneus para pisos seco, molhado e neve, 4 montados e dois na bagageira. Acrescento eu, uma cinta para o capot e umas aplicações no interior do pára-bisas dianteiro, que  julgo serem desembaciadores eléctricos (alta tecnologia, portanto).
Foto 2 - Imagens de provável passagem na zona dos alpes franceses.
Foto 3 - Em Monte Carlo partida para a 1ª Prova Complementar de Arranque e Travagem em 250 m (do acumulado dos tempos desta PC mais o resultado da prova de estrada, apuravam-se os primeiros 50 da geral para a 2ª PC).
Foto 4 -  Classificação dos 50 primeiros na  1ª PC em que se destacam o 4º lugar de C.Monte Real  em Ford, o 6º lugar (ex-aequo) de J.Castello Branco em Vanguard, o 13º lugar (ex-aequo) de Manuel Nunes dos Santos em BMW e o  48º lugar (ex-aequo) de João Graça em Simca 8, este último devido à penalização  na  estrada não ficou selecionado para a 2ª PC.
Além das três primeiras equipas mencionadas foi também apurada para a 2ª PC a equipa de José Duarte Ramos Jorge (primo direito do meu Pai) em Hotchkiss que apesar de deixar ir abaixo o motor durante a 1ª PC (com um tempo para lá do  50º) se classificou em 46º lugar da geral.
Foto 5 -   Croquis do  circuito do Mónaco em  que se disputou a 2ª PC - Regularidade/Velocidade e regras gerais da prova e respectivo cálculo da classificação. Cada carro fazia 6 voltas, duas de reconhecimento e quatro a contar tempo com partida lançada. Para a classificação contava a volta mais  rápida e o menor tempo de diferença entre esta e as restantes três voltas.
Foto 6 - Partida para a 2ª PC Velocidade/Regularidade

O meu Pai falava contava sempre o episódio da aproximação à chicanne (na  descida do túnel do  Casino) quando ficou sem pingo de travões, com o motor a engolir uma 2ª a 120 Km/h (a caixa era de 3 velocidades) e o Cardoso  Pinto a voar lá  dentro juntamente com os  cronómetros e o carro a raspar o muro da saída . A  partir dali foi, como ele dizia, à portuguesa e fé em Deus e fez as quatro voltas de classificação  sem travões. Apesar disso conseguiu o 25 º  lugar na   PC que lhe deu o 19º na geral. Permita-me  a imodéstia, mas foi notável.
(Continua)
Texto e fotos de João Castello Branco