Jaime Rodrigues

Nem só os pilotos foram Heróis nos primeiros 50 anos da História do Automobilismo em Portugal. Os mecânicos desempenharam sempre um papel crucial na afinação e preparação dos carros tornando-se em elementos decisivos que poderiam fazer (e faziam) toda a diferença em termos de resultados. Jaime Rodrigues terá sido a figura mais importante nessa matéria em Portugal durante pelo menos toda a década de 50, sendo o primeiro mecânico a afinar os Porsche 356 logo após a sua chegada ao nosso país (1951) e vindo mais tarde a conhecer um grande sucesso como preparador dos Mini Cooper para rali e velocidade.
Nascido numa pequena povoação perto da Covilhã, Jaime Rodrigues cedo veio para a capital para trabalhar como mecânico de automóveis, chegando a chefe de oficina no "Almeida dos Cadillacs" com apenas 18 anos de idade. Depois estabeleceu-se na Rua da Beneficiência e começou a trabalhar por conta própria, contando como clientes figuras do desporto automóvel como Filipe Nogueira, Ernesto Martorell, D. Fernando Mascarenhas, João Graça, etc. Mais tarde mudou a oficina para a Rua de Ponta Delgada e aí terminou a sua carreira.
Na imagem vemos Jaime Rodrigues (à esquerda) quando fez equipa com João Graça no Tour de France  Auto de 1952, prova que concluíram num respeitável 16º lugar entre os 58 carros que completaram o percurso de 5,533 km que ligou Nice a Nice através de La Baule e Reims.

Foto de Mário Rodrigues

Curva do Castelo, Vila do Conde 1952

Durante o ano de 1952 realizaram-se nada menos que três circuitos em Vila do Conde, a saber: o Circuito da Primavera em Abril, o III Circuito em fins de Agosto e o IV em Setembro. Os dois primeiros foram disputados no traçado habitual enquanto que o terceiro utilizou pela primeira (e única) vez o "circuito grande", um percurso com 4,557 metros de extensão formado essencialmente por duas longas rectas e duas (enfim, três) curvas para a direita, uma pista pensada e desenhada para proporcionar altas velocidades aos concorrentes. 
A imagem mostra a saída da curva rápida da "seca do bacalhau" e a entrada na bem mais técnica "curva do Castelo", a que se segue um recta com mais de mil metros de extensão onde estava situada a meta. Note-se o curioso parque de estacionamento destinado aos automóveis dos espectadores que permitia que muitos deles seguissem as corridas instalados nas confortáveis poltronas dos seus Ford, Pontiac, Studebaker, etc. Só em Vila do Conde.


Shell Cup 1956

A 30 de Setembro de 1956 disputou-se no circuito de Imola, Itália, uma prova destinada a carros de competição com cilindrada até 1500 cc a que foi dado o nome de Shell Cup. O piloto português Joaquim Filipe Nogueira estava entre os inscritos ao volante de um Porsche 550 Spyder (nalguns sites aparece o nome de Borges Barreto a conduzir carro, mas tal não se confirma). A corrida foi ganha por Eugenio Castellotti (Osca MT4) seguido de Jack Brabham (Cooper T39 Climax) e Luigi Musso (Osca MT4), surgindo no oitavo lugar um tal Colin Chapman que tripulava (what else?) um Lotus 11 Climax. Filipe Nogueira levaria o Porsche  Spyder #550-087 matrícula LC-23-99 ao décimo lugar da classificação geral.
Bernie Ecclestone, o actual patrão da Fórmula 1, também esteve envolvido na Shell Cup de 1956 participando na corrida de motos com uma Norton Max. Desconhece-se o resultado.